Uma aula é Teatro ou não? Parece-me que sim. Prender uma audiência, agarrar aquela malta toda e transportar o seu interesse para um sujeito novo, um tema antes ignorado tem de ser uma descoberta, tem de carregar magia, explodir a curiosidade. Sei que pode parecer estranho aos teóricos da pedagogia, mas um professor que transforma a sal num espaço vivo, criativo e agarra os alunos é de uma dimensão que muitos são incapazes. Há conteúdos que têm de ser explicados e não debitados, há matérias que carece envolver e não pisar, é a diferença entre vestir e tapar-se. Uma aula para debitar teorias é um enfado e uma não necessidade. Afinal o que dissermos está escrito e um teste por semana levaria os alunos aos livros. O fascínio e o desafio estão em despertar as consciências para um conteúdo diferente e fazer com que se torne matéria de pesquisa ou de questões. A pedagogia é importante para corrigir assimetrias, encontrar lugares comuns, protocolar desempenhos e dar forma às perguntas, mas não tem a magia que me pareceu sempre inata. Por isso recordo alguns professores que, da cadeira ou em acções contínuas, eram fascinantes. Infelizmente ainda são a minoria. Hoje sei qual é a diferença: os que gostei viviam com gosto o espaço da sua profissão e essa era a mola do seu desenvolvimento e inquietação.
Por: Diogo Cabrita