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«Atualmente, estar perto das pessoas e criar soluções para servi-las é cada vez mais importante»

Cara a Cara – Patrícia Loureiro

P – Por que é que a Fundação S. João de Deus escolheu a Guarda para acolher a sua primeira delegação fora de Lisboa?

R – Primeiro, porque o interior é uma área geográfica com menos soluções do que o litoral e, para primeira escolha, a Fundação entendeu que seria o primeiro foco. Depois, na Guarda, porque na zona temos cerca de uma centena de benfeitores e queremos estar mais perto dos nossos parceiros, existindo ainda aqui uma presença do carisma de S. João de Deus. Os irmãos de S. João de Deus chegaram a ter uma casa em Aldeia da Ponte (Sabugal) e as irmãs do Sagrado Coração de Jesus, com a Casa de Saúde Bento Menni, estão também ligadas à Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Finalmente, escolhemos a Guarda porque tivemos um acolhimento excecional por parte da Câmara, que desde o início mostrou um enorme entusiasmo e uma disponibilidade que não nos deixou qualquer dúvida que seria aqui o primeiro marco da expansão distrital da Fundação.

P – Quais os objetivos e expetativas da Fundação neste projeto?

R – As expetativas são imensas, estamos todos muito entusiasmados porque achamos que há na Guarda um potencial enorme para implementar projetos e para fazer crescer a missão da Fundação. Os principais objetivos são estar perto dos benfeitores existentes e depois estar próximo das pessoas, porque isso faz parte do carisma de S. João de Deus e sabemos que, no tempo que corre, estar perto das pessoas e criar soluções para servi-las é cada vez mais importante. Queremos ainda apoiar projetos sociais locais, divulgar os projetos nacionais e internacionais da Fundação e também desenvolver o conceito do “cowork” solidário através da dinamização do “Space4u”, que é o espaço de cowork que vamos dinamizar na Guarda para doze empreendedores.

P – Quais as primeiras áreas de ação da delegação?

R – Primeiro, estar perto dos benfeitores e dinamizar o “cowork” solidário. Nesta área, vamos apoiar o empreendedorismo social e projetos sociais.

P – Em que é que o “cowork” solidário marca a diferença das outras iniciativas de autoemprego?

R – Primeiro, marca a diferença pelo conceito. O conceito de partilha: partilha de um espaço, de conhecimentos, de dificuldades e de todos os recursos que estão inerentes à abertura de um negócio. Segundo, parte da receita reverte a favor dos projetos sociais da Fundação. Portanto, ao ser “coworker”, estamos automaticamente a participar socialmente e voluntariamente nas atividades sociais da Fundação – isto é importante porque é a responsabilidade social praticada no imediato. Outra diferença é que cria às pessoas excelentes condições de trabalho a custos mais reduzidos. É este espírito do “cowork” que acaba também por facilitar em muito os resultados. Nós também trabalhamos uma rede “networking”, ou seja, todas as pessoas que fazem parte dos nossos espaços de “cowork”, na Guarda e em Lisboa, podem partilhar entre elas os seus negócios e experiências. Além de partilharem os espaços, se eu sou “coworker” da Guarda posso ir a Lisboa e trabalhar e reunir o dia todo no espaço de “cowork” local.

P – Como tem sido a procura do “Space4u”?

R – As obras do “cowork” da Guarda só estão prontas em outubro, mas já iniciámos a campanha quer no facebook, quer através do site institucional do “Space4u” e também com todas as pessoas com quem temos falado. Já estamos a receber candidaturas, algumas das quais foram aceites, e só queremos é que o espaço abra rapidamente porque sentimos que, quando isso acontecer, vamos ter ainda mais procura. Por enquanto, a dificuldade é de não conseguirmos mostrar ainda o espaço, só estamos a vender o conceito, a explica-lo.

P – Quais os critérios a seguir na seleção dos projetos?

P – Pedimos a todos aqueles que queiram integrar o nosso projeto que apresentem os seus. Não tem de ser necessariamente uma empresa, pode ser uma iniciativa individual. Mas queremos perceber, sobretudo, e este será também um dos principais requisitos, se as pessoas que se querem juntar a nós percebem o conceito de “cowork” e se partilham deste espírito. Porque se vamos todos partilhar um espaço temos que ter a certeza que esse espaço é de harmonia, de equilíbrio e que conseguimos que todos integrem e absorvam este espírito do “cowork”. Para nós, esta consciência social é imprescindível. A Fundação vai ter doze lugares, seis dos quais preferencialmente para projetos ou associações com caráter mais social em que a Fundação patrocina uma parte desse custo. Os restantes lugares serão para projetos mais empresariais. O ponto principal é perceber a candidatura e se as pessoas estão interessadas em partilhar este espírito do “cowork”.

P – A iniciativa “Space4u” está associada à Fundação da Juventude. Como tem sido a resposta dos jovens em altura de crise?

R – As candidaturas que temos recebido são todas de pessoas até aos 35 anos, de gente que está a criar o seu próprio emprego ou de projetos de empresários em nome individual. Aqui na Guarda é sobretudo gente mais jovem, em Lisboa é um bocadinho mais diversificado. A Fundação da Juventude também trabalha no “Space4u” de Lisboa e dinamiza bastante a presença jovem.

P – Que outros projetos da Fundação podem vir a ser criados na Guarda?

R – Na área do empreendedorismo social, queremos apoiar, ao nível da consultadoria, projetos de índole social, depois podermos também ser um apoio às Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) nos projetos que queiram implementar aqui. Vamos organizar diversos eventos – esperamos concretizar dois até ao final do ano, um dos quais na área do voluntariado, da certificação e formação de voluntários, com a participação da Confederação Portuguesa de Voluntariado e da Fundação da Juventude, entre outros parceiros nacionais e locais. Isto, porque entendemos que o empreendedorismo social e o voluntariado podem e devem, hoje em dia, ser mais formados – aproveitar as competências mais técnicas dos voluntários e orientar melhor as competências do voluntário aos locais onde pode exercer voluntariado. E depois vamos criar iniciativas locais de índole social aqui na Guarda.

P – Como tem sido a disponibilidade de voluntários? O que deve fazer quem pretender associar-se a esta delegação?

R – A Juventude Hospitaleira, que está ligada à Ordem Hospitaleira de S. João de Deus e aos irmãos de S. João de Deus, tem de facto uma presença aqui e julgo que o projeto de voluntariado na Casa de Saúde Bento Menni funciona muito bem – vamos querer também trabalhar em conjunto com eles. Já temos alguns voluntários que conheciam a Fundação através da Fundação da Juventude e das atividades que a Fundação e a Ordem Hospitaleira organizam em Lisboa e noutros locais e logo nos contactaram quando souberam que vínhamos para a Guarda. Temos alguns voluntários identificados e já disponíveis para trabalhar – alguns até já estão de facto a trabalhar connosco. Os interessados devem apresentar o seu projeto de candidatura a voluntário, numa ótica de responsabilização, indicando em que áreas gostariam de trabalhar, qual a sua disponibilidade e depois encarar esse compromisso como uma responsabilidade a cumprir. Os contactos podem ser feitos para os emails patricia.loureiro@fundacao-sjd.pt ou sede@fundacao-sjd.pt.

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