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Atletismo

Naide Gomes, no Pentatlo e Rui Silva, nos 1500m deram a Portugal duas medalhas (ouro e prata, respectivamente) no Mundial “Indoor” de Budapeste. A óptima classificação destes atletas permitiu a Portugal ocupar um honroso 10º lugar no ranking das medalhas o que pode ser um bom presságio para os Jogos Olímpicos da Grécia, já daqui a cinco meses. Paradoxalmente parece que os resultados no Atletismo começam a chegar quando os apoios se concentram quase em exclusivo no Futebol e no Euro 2004. É sob este clima de êxito e de aparente boa saúde do Atletismo Português que se irá desenrolar na Guarda a prova máxima do Atletismo do Desporto Escolar. Sábado, 13, os terrenos do Rio Diz, adjacentes ao Pavilhão de S. Miguel vão encher-se de colorido e ser palco das ambições e sonhos dos nossos jovens à procura de serem os futuros Ruis e Naides de Portugal. Só por este motivo já seria interessante acompanhar a prova. Os atletas que disputam o Nacional foram seleccionados, primeiro nas provas disputadas em cada escola e depois em competições organizadas em cada região (CAE). No total das provas de apuramento estima-se que participaram cerca de 40 mil jovens. Agora vão ser os melhores dos melhores que estarão em competição.

Se se confirmarem as expectativas quanto ao aparecimento de novos talentos, convirá no entanto aprofundar o assunto quanto ao seguimento que os mesmos terão e quanto às condições que lhes serão oferecidas para que possam aproveitar na plenitude as suas aptidões desportivas. Se quanto a infra-estruturas para a prática do Atletismo o País está hoje bem melhor do que há uns anos atrás, tendo sido construídas nos últimos anos algumas dezenas de pistas de piso sintético, já quanto ao enquadramento técnico se nota um défice, seja na quantidade e qualidade de treinadores especializados seja na importância que os clubes têm vindo a dedicar à modalidade. Em tempo de crise financeira muitos são os clubes que reduzem ou até extinguem as suas secções de atletismo inviabilizando por essa forma que os jovens com talento e interesse se dediquem ao seu desporto favorito. Postas assim as coisas, corre-se o risco de todo o trabalho de promoção, de divulgação e de descoberta de talentos se fique por aí mesmo. Sem seguimento e aproveitamento. Assim será difícil repetir as proezas que o nosso Atletismo, em tempos ainda não muito remotos, já registou. Assim, a acontecerem medalhas e títulos tal só poderá ser fruto do acaso, caprichos da sorte intrínseca ao desporto e nunca o resultado de um trabalho planeado e devidamente estruturado. Resta acreditar que na Guarda a prova do Nacional possa contribuir para despertar o interesse dos responsáveis dos clubes para a criação de condições de prática da modalidade.

Por: Fernando Badana

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