O tão esperado “Cuciform Theatre”, projecto a ser desenvolvido há alguns meses pela Associação de Teatro e Outras Artes (ASTA) em parceria com o Instituut Voor Sheppende Ontwikkeling – The Troupe for Theatre Research (Bélgica) e a companhia profissional Medea_73, de Espanha, sobe ao palco no sábado com a representação de “A Balada do Velho Marinheiro”. A peça, da autoria de Ruth Mandel a partir do conto homónimo de S.T. Coleridge, estará em cena até 24 de Outubro, em três sessões por dia (às 15h30 para as escolas, 21horas e 22h30), na antiga fábrica da Beiralã, na Covilhã. A entrada é livre mediante confirmação nas 48 horas que antecedem a sessão a que se pretende assistir.
Apesar da estreia estar apenas marcada para amanhã, os mais curiosos poderão visualizar antecipadamente a estrutura deste novo modelo de teatro por ocasião de um concerto da orquestra de sopros da Escola Profissional de Artes da Beira Interior (EPABI), conduzido pelo maestro António Costa. “Cruciform Theatre” promete revolucionar a estrutura convencional do teatro por se centrar num modelo inovador. A “quarta parede” teatral deixa de existir neste modelo, visto que toda a acção se desenrola dentro de uma estrutura em forma de cruz simétrica, trazida de propósito de Antuérpia (Bélgica). Nas suas extremidades estão os lugares destinados aos espectadores, designados por “ships” (navios), visto que a sua imagem se assemelha à proa de um barco. Cada “ship” terá capacidade para seis espectadores, o que perfaz um total de 24 pessoas por sessão. O palco não se limita ao centro e alarga-se a todo o espaço envolvente, acabando por ser o espectador quem vai criar uma interacção com os actores. É que, neste modelo de representação, cada espectador tem uma visão diferente do que se passa: o que é visto por uma pessoa, como a entrada em cena do actor, será visto por outra como a sua saída.
Outros terão uma visão completamente diferente desse movimento ou nem sequer verão o actor em causa. Assim, o público assume o papel de assistir e fazer parte da peça, visto que terá a tarefa de ligar momento a momento toda a acção. A experiência “Cruciform Theatre” é, por isso, designada como «um teatro fora do tempo». A peça, que estreia no sábado, é centrada na história de um velho marinheiro que, por coincidência, assiste a um casamento. O espectáculo é encenado por Harvey Grossmann, o criador deste conceito e seguidor das ideias e teorias de Gordon Craig (fundador de uma visão futurista de teatro), e por Ruth Mandel, a quem coube a coordenação do texto, da música e dos movimentos dos actores. A eles, juntam-se sete actores de Portugal, Peru, Argentina e Venezuela, mas o texto é dito em português.
Liliana Correia