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Associação de Produtores Kosher já está formada

Escritura foi assinada no último domingo, numa altura em que cresce a ideia de realizar um congresso mundial sobre a identidade sefardita na Serra da Estrela

A Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) pretende organizar a partir do próximo ano, em Belmonte, um grande congresso mundial sobre a identidade sefardita na Serra da Estrela com representantes de Israel, Holanda, Espanha, África do Sul, Estados Unidos e México.

A ideia foi avançada a “O Interior” por Jorge Patrão, presidente da RTSE, que pretende relançar Belmonte como símbolo do “Portugal de Sefarad” por ainda albergar a única comunidade cripto-judaica viva da Península Ibérica, cuja origem remonta ao século XIII (1297). Com a inauguração no domingo do Museu Judaico de Belmonte, único no país dedicado ao povo judaico, e com a recente constituição da Associação de Produtores Kosher, cuja escritura foi assinada no último domingo no Porto, «estão dados os passos para implantarmos na Serra da Estrela um turismo cultural direccionado», salientou Jorge Patrão, para quem a região tem agora «um peso e uma posição» privilegiada com o conhecimento da história judaica portuguesa. Para além da Adega Cooperativa da Covilhã e da Penazeites, as únicas empresas que produziram em Portugal produtos kosher segundo os preceitos religiosos judaicos, juntam-se à Associação de Produtores mais três adegas (do Porto, Ribatejo e Viseu), uma outra empresa de azeite de Abrantes, a Lactogal, a Vieira de Castro, fábrica de frutos secos do Fundão, e mais uma empresa de Vila Nova de Gaia ligada aos chocolates Ferrero Rocher.

«Todas têm projectos para desenvolver em Portugal e a nossa intenção é massificar os produtos kosher no país e exportá-los para os mercados internacionais», apontou o rabino Elisha Salas, da sinagoga do Porto. Na sua opinião, trata-se de uma associação «muito importante» para o processo de fabrico e comercialização de produtos kosher confeccionados em Portugal, para além de «criar condições para que as comunidades judaicas possam subsistir em Portugal sem terem que adquirir os seus produtos noutros países». Recorde-se que a iniciativa arrancou há dois anos com a produção do vinho “Terras de Belmonte” na Adega da Covilhã. «Com esta associação vamos poder estabelecer sinergias na promoção dos produtos que se destinam a nichos de mercado e permitir a discussão da sua certificação junto da União Ortodoxa», salientou por sua vez Rui Moreira, que vê nesta sociedade a possibilidade de «enriquecer» a mesa gastronómica dos judeus radicados em Portugal. «Neste momento, a mesa é muito pobre em comparação com outros países, onde se pode aceder a imensos produtos, desde a Coca-cola aos chocolates».

Liliana Correia

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