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Assim vai a mobilidade

Assinalamos, desde o dia 19 até o dia 22, a Semana da Mobilidade. Por cá, com a excepção de Manteigas, Pinhel, Guarda e Celorico da Beira, ninguém aderiu a esta iniciativa. No distrito de Castelo Branco, a julgar pelo número de cidades ( 0 ) que participaram nesta iniciativa, não existem problemas de mobilidade . Na neurose em que o país mergulhou nem é de estranhar, a depressão colectiva acalentada pelo discurso de lamúria e resignação fazem-nos esquecer iniciativas como esta. Pena é que aqueles a quem mais estas iniciativas deveriam interessar estejam muito preocupados com a sua reeleição, como já devem ter adivinhado falo de autarcas. Decerto, perderam uma boa oportunidade de mostrar ao eleitorado que estão interessados em modificar o panorama de mobilidade das regiões para o governo das quais foram eleitos.

A semana da Mobilidade tem este ano um aspecto digno de louvor, que deveria ser comum a todas as outras comemorações, os critérios de adesão obrigam a que, pelo menos uma das medidas promovidas pelos municípios, tenham carácter permanente. Poderá ter sido este facto que afastou os nossos autarcas da iniciativa, pois mais difícil que anunciar algo é a sua concretização e manutenção. Ouvimos as suas preocupações com as acessibilidades e mobilidades, agora mais do que nunca, mas quando toca a ter que resolver o problema… Ideias não lhes faltarão. Vejamos, a título de exemplo, o caso da Covilhã. Quiseram os homens ou a natureza que a Covilhã nascesse num belo lugar mas de difícil mobilidade. Por haver consciência deste facto elegeu-se como grande bandeira do POLIS a mobilidade, ir-se-iam criar pontes, escadas rolantes, teleféricos, novas acessibilidades entre outras medidas, tudo em nome duma melhor mobilidade, no entanto nenhuma destas obras se realizou. Para além das obras no âmbito do POLIS outras com o mesmo propósito foram anunciadas tal como o funicular ou a variante à Covilhã, também estas não foram realizadas e quando se defendia o afastamento de carros do centro da cidade é aí que se constrói o silo-auto. Se alguém, dotado de grande vontade e boa preparação física, se aventura a ir de bicicleta para o emprego, depressa desiste da ideia pela ausência de ciclo vias, correndo o risco de ser esborrachado por algum automobilista mais apressado e desastrado. Se alguém, mais preocupado com o buraco de ozono e com as emissões de dióxido de carbono, decide deixar o seu carro na garagem e optar pelo autocarro, não é por muitos dias, depois de devidamente enlatado e de ser obrigado a cheirar o sovaco da vítima ao lado, depressa opta por voltar ao seu carro tenha ele ou não filtro de partículas.

Poderia falar de qualquer outro concelho mas creio que este exemplo é suficiente para mostrar como por cá se trata a mobilidade.

Por: Telma Madaleno

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