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As virgens turcas e os homossexuais espanhóis

sinais do tempo

A Turquia é um país 99 por cento muçulmano, que aspira a um lugar ao sol, nesta praia do “dolce fare nienti” que é a comunidade europeia e, como consequência, aspirando também à deslocalização de umas tantas empresas.

A Espanha é um país maioritariamente cristão, perfeitamente integrado, com um crescimento económico e tecnológico invejável.

Geograficamente a Turquia localiza-se entre a Europa e a Ásia (tem raízes no Império Otomano, com a pequena Trácia na Europa e a grande Anatólia na Ásia) e a Espanha só por razões históricas não está entre a França e a América com o Atlântico de permeio.

Concluímos então que têm tendências religiosas diferentes, assim como economias e localização.

Os Turcos têm muita vontade de entrar na CE e vão-se esforçando, mudando leis e tentando chegar o mais próximo possível do socialmente “correcto” europeu. Por razões religiosas e hábitos ancestrais, os turcos têm dificuldade em mudar e quando mudam é a própria sociedade que mantém tudo igual.

Pelo contrário os espanhóis quando mudam não fingem que mudam, passando de um conservadorismo a um vanguardismo de uma forma tão radical que surpreende mesmo os mais atentos.

Por isso é que as turcas “desonradas”, isto é, que perderam a virgindade, se suicidam ou são “suicidadas” pela família ou então são obrigadas a casar. Entre 2002 e 2006 foram registados 1190 crimes de honra. Só nos primeiros seis meses deste ano, pelo menos 36 jovens se suicidaram por este motivo.

Os espanhóis, por outro lado, legislaram favoravelmente ao casamento entre homosexuais, contrariando os ideais cristãos e afrontando o Vaticano. Pois bem, nos primeiros seis meses registaram-se 1275 casamentos e, surpreendam-se, alguns divórcios.

A honra no feminino misturou-se ao longo dos tempos com a virgindade, porque esta era sinónimo de pureza, castidade e inocência. Segundo o dicionário Houaiss, virgem significa ” mulher que nunca teve relação sexual completa e ainda possui intacto o hímen”.

Numa evolução das sociedades modernas e ultrapassando rapidamente os conceitos da igreja católica os europeus solteiros deixaram de viver em função do conceito da virgindade feminina. Alteraram-se os estigmas colocadas sobre essas jovens que num momento de paixão irreverente limitaram-se a fazer o que num momento de prazer acharam certo.

Em resumo ser virgem na Europa deixou há muito de ser uma questão de honra. Pelo contrário, na Turquia deixar de ser virgem pode significar a morte.

Por outro lado a homossexualidade na nossa sociedade é, essencialmente, estigmatizada pelos próprios.

São estas as diferenças que nos distinguem no mundo. Para alguns as modificações dos conceitos de vida sofrem mutações e ultrapassam as crenças religiosas, impondo-se.

A Turquia continua a ser demasiado árabe e muito pouco ocidental nesta e noutras matérias.

e os jovens velhos turcos

A selecção de futebol portuguesa chegou às meias-finais sem derrotas. Jogou um futebol interessante. O treinador manteve uma equipa coesa resistindo aos assaltos dos que fazem da profissão o dizer mal a todo o custo. Não se repetiram as confusões e as jogadas de bastidores do México e da Coreia-Japão. Mas, desta vez, os Ingleses e os Franceses fartaram-se de dizer mal. Tínhamos todas as hipóteses de chegar à final, mas não chegámos… Finalmente não se registaram sentimentos de frustrações ou de depressão profunda. A sociedade portuguesa saiu-se muito bem deste drama. Os Ingleses através do Sr. Rooney e os Franceses pelo Sr. Zidane conseguiram demonstrar em poucos segundos tudo o que não se deve fazer no futebol. Mas espantem-se a culpa foi dos portugueses e dos italianos, que são uns provocadores. Gostei do futebol jogado pelos “provocadores”, não gostei do dos “agressores”.

Por: João Santiago Correia

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