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As Verdadeiras Questões

O primeiro-ministro, aparentemente esquecido daquilo em que eram as suas próprias promessas eleitorais, acaba de verberar com gravidade aqueles que prometem o que não podem cumprir. O momento parece ser precisamente esse, o de prometer, e tem havido muitas. Há sempre mais uma rotunda, mais uma ligação rodoviária, mais um qualquer berloque urbano. Quando não é isso são aquelas ideias vagas e que pouco comprometem, ou cuja realização depende sobretudo de terceiros, como “dinamizar a economia” ou “apoiar os jovens”, ou candidatar a Guarda a Património da Humanidade (e não, Tó Zé Seguro, não é “Património Mundial da Humanidade”).

Vamos ter na Guarda de tudo um pouco, e já começou. Um bom assunto é por exemplo o Hotel de Turismo, em que os dois principais partidos têm culpas no cartório. O PS, no poder na Guarda (e então no país) achou boa ideia vender o edifício por uns milhões ao Turismo de Portugal, IP, tutelado pelo Ministério da Economia, supostamente para aí vir a abrir uma escola de hotelaria. O PSD, já a mandar no Ministério da Economia e no Turismo de Portugal, tem optado por mantê-lo encerrado e nada diz sobre o assunto. Mas agora, quando José Igreja acusa o governo pelo impasse, vem Álvaro Amaro prometer resolver o problema e começa com algo de concreto: pinta, ou manda pintar, parte da fachada, propõe-se transformá-lo no primeiro hotel “bioclimático” da Guarda, seja lá isso o que for e promete pedir ao governo a sua restituição à cidade. Claro que caberia aqui perguntar se a devolução seria gratuita, ou pelo mesmo preço da compra e, neste último caso, onde se pretende encontrar o dinheiro, mas este pequeno pormenor de três milhões e meio de euros não parece ter encontrado caminho no programa eleitoral do PSD.

Enquanto isso não acontece, e enquanto Álvaro Amaro não acaba de pintar o Hotel de Turismo (já faltou mais), há outras questões mais interessantes a esclarecer, e por todas as candidaturas. Sugiro que, a partir de agora e até ao fim da campanha eleitoral, se exija aos vários candidatos que digam claramente e sem subterfúgios como pretendem resolver os seguintes grandes problemas da Câmara Municipal da Guarda, tão grandes que na prática paralisam qualquer veleidade de investimento e comprometem a maior parte dos seus recursos financeiros: o excesso de endividamento e o excesso de pessoal.

Por: António Ferreira

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