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“As marchas eram um bilhete-postal da cidade”

Cara a Cara – Entrevista

P – Como caracteriza o Grupo Desportivo da Mata, numa altura em que comemora 46 anos?

R – É uma colectividade que não está bem, tal como o associativismo em geral. Vamos vivendo com dificuldades, lutando no dia-a-dia com todas as forças que temos para que o Grupo Desportivo da Mata se mantenha vivo no seio do associativismo e entre nós.

P – Que actividades estão marcadas para assinalar a efeméride?

R – As comemorações começaram a 1 de Setembro. Já houve um concurso de karaoke, no domingo tivemos um jogo entre solteiros e casados e uma tarde de convívio com as crianças. Ao longo do mês estão marcados torneios de sueca, “snooker” e xadrez. No dia 16 haverá uma caminhada na zona de Verdelhos e um encontro de dança jazz, enquanto no dia 22 será disputado o Memorial Pedro Silva, um torneio de futsal que homenageia esse malogrado sócio, atleta e amigo, seguindo-se uma retrospectiva destes 46 anos do Grupo. No dia seguinte haverá um baile à moda antiga, com discos pedidos, como se fazia nos anos 70. Para 29 de Setembro está programado um torneio de “paintball”, uma noite de fados com Jorge Leitão, a Bela Bico e outros fadistas que se iniciaram na Mata. As comemorações terminam com uma missa na Capela do Calvário e romagem ao cemitério, seguida de um almoço convívio.

P – Mesmo estando localizado num extremo, como é a relação do Grupo com a cidade da Covilhã?

R – O Grupo Desportivo da Mata não está exclusivamente direccionado para as pessoas da sua área geográfica. Modéstia à parte, ao longo destes 46 anos, esta colectividade tem levado com muita honra o nome da Covilhã para fora do concelho, nomeadamente com a equipa de atletismo, que recentemente foi campeã nacional, ou com o futsal, pioneiro na região e que conquistou vários títulos, além de outras actividades, mesmo para além do desporto.

P – E quais as actividades em destaque no Grupo?

R – Temos equipas de futsal, xadrez, um grupo de música tradicional portuguesa, os “Fusos e Rocas”, que neste momento está desactivado por falta de uma pessoa para tocar guitarra portuguesa, e um grupo de dança rock e pop, que reúne alguns jovens daqui.

P – Em que ponto está a construção do pavilhão gimnodesportivo?

R – Esse é um grande problema do momento. Há sete anos havia um projecto, aprovado pelo INDE e orçado em cerca de 200 mil contos, mas esse valor é agora, com a inflação, insuficiente. Sobre isso teremos uma Assembleia-Geral amanhã, onde serão apresentadas aos sócios as propostas para o pavilhão. É por essa reunião que vão passar os destinos do Grupo no curto, médio e longo prazo.

P – O que se passou para que este ano não houvesse marchas da Covilhã?

R – Em 1989, dois elementos da direcção – Alice Garcia e António Baltazar – tiveram essa ideia. Houve depois alguns ajustes, e a dada altura achou-se por bem alterar a designação de “Marchas de S. João” para “Marchas Populares Cidade da Covilhã”. Este ano, com muita pena nossa, só havia duas inscrições, do Grupo Desportivo da Mata e do Oriental de S. Martinho, tendo em conta o regulamento delineado. Isto porque, em tempos, houve a possibilidade de outras marchas de fora do concelho participarem, o que aconteceu e era uma mais-valia. No entanto, algumas associações da Covilhã tentaram alterar o regulamento para evitar isso e conseguiram-no, só que depois não se inscreveram. Foi este fechar de portas que ditou a “morte” das marchas.

P – Mas é vontade do Grupo Desportivo da Mata que as marchas saiam à rua no próximo ano?

R – Sem dúvida. Aliás, como já dissemos, este é um ano de reflexão e de alteração do regulamento para que as marchas voltem novamente à rua. Eram um bilhete-postal da cidade, até porque vinha muita gente de Lisboa e da região para ver os grupos desfilar.

P – Num plano mais vasto, que papel desempenhará o Grupo na comunidade, mesmo tendo em conta o que se anuncia para a Assembleia-Geral de amanhã?

R – Não tenho dúvidas que o Grupo Desportivo da Mata ocupará sempre um lugar dianteiro no associativismo. Temos mais de 950 sócios e temos habituado toda a massa associativa a estar na frente de vários eventos. Tem sido um clube dinâmico e que não vira as costas à luta. Neste momento os tempos são maus e há grandes preocupações para o futuro do movimento associativo na região, mas acredito que o Grupo continuará a dar o seu contributo.

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