O Dia Internacional da Mulher ficou marcado na Guarda pelo encerramento da maternidade do Sousa Martins. Uma coincidência «lamentável» ou «ironia do destino» que levou muitas mulheres e mães a subscreverem de imediato um abaixo-assinado contra o fecho daquela valência no hospital local. O documento, que espelha a sua revolta por ter sido tomada esta opção, já está a circular na cidade e deverá ser enviado ao presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e ministro da Saúde.
«O objectivo é angariar o maior número possível de assinaturas para demonstrar aos políticos e aos governantes o nosso descontentamento por esta situação e tentar fazer alguma coisa já que eles pouco ou nada fazem», explica uma das mentoras do documento, que prefere manter o anonimato por razões profissionais. O movimento expontâneo de cidadãs, que se diz «apartidário e apolítico», lamenta no texto que sustenta o abaixo-assinado, a que “O Interior” teve acesso, que a decisão de fechar a maternidade tenha sido «meramente política», já que esta valência tem sido, ao longo dos últimos anos, «um dos serviços de excelência» do Hospital da Guarda. O documento recorda o «avultado» investimento realizado para dotar a maternidade de meios técnicos de «primeira qualidade», para depois alertar para o «grave risco» que correm parturientes e recém-nascidos nas deslocações à Covilhã, Viseu ou Coimbra. De resto, o encerramento da maternidade é considerado um «atentado» contra os direitos consagrados na Constituição que vai fazer com que «deixe de haver naturais da Guarda e do seu distrito». Lavrada a sua «profunda indignação», os signatários apelam a todas as entidades responsáveis, a começar pelo Ministério da Saúde, «para que esta decisão seja revogada».
Outro grupo de mães escolheu o “Espaço Público” de “O Interior” (ver página 10) para manifestar a sua indignação pela decisão do Conselho de Administração (CA) do Hospital Sousa Martins pela sua «fraca visão da realidade». Começando por dizer que o fecho da maternidade é de uma «insensatez a toda a prova», pois para manter uma «falsa urgência pediátrica, já que os nossos filhos são vistos pelos clínicos gerais e só em último caso é que passam pelas mãos dos pediatras», fecha-se a maternidade. «Haja coragem de uma vez por todas e fechem essa falsa urgência e deixem a maternidade aberta», reclamam. Lamentam ainda que os profissionais do hospital se «calem» perante um CA que «nada faz ou fez durante este tempo a não ser abrir falsos serviços e fechar os verdadeiros», referem, avisando que a seguir à maternidade virão outros. «Podiam pôr os olhos no Hospital de Viseu e outros que, em bloco e em consenso, resolveram os seus problemas pedindo a queda do Conselho de Administração ou demitindo-se os seus directores clínicos», acrescentam, acusando ainda os políticos de nada fazerem para resolver uma situação que «há muito se adivinhava»: «Preocupam-se mais com a imagem e menos com os actos, assim como os pseudo-movimentos pela criança que agora separam a saúde materna da infantil, como se isto fosse possível», estranham. Também o desaparecido movimento cívico, que no final da década de 90 reclamou a construção de um novo hospital na Guarda, poderá vir a tomar uma posição sobre o assunto. Segundo “O Interior” pôde apurar, alguns dos seus mentores têm vindo a contactar outros elementos fundadores para abordar o tema e tomar uma posição.