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As isenções foram mesmo «à vida»

Comissão de Utentes da A23 e A25 garante que os residentes beneficiavam de um desconto de 36,25 por cento e contestam os 15 por cento anunciados pelo Governo

O pior cenário confirmou-se e as isenções de 10 viagens mensais que os residentes na região beneficiavam para circular nas antigas vias Sem Custos para os Utilizadores (SCUT) terminaram mesmo à meia-noite de domingo. Em contrapartida, o governo anunciou um novo regime, onde todos os utilizadores passam a pagar tarifas 15 por cento mais baixas. Alterações que não foram bem acolhidas na região.

Como forma de dar conta do descontentamento do fim das isenções, a Comissão de Utentes Contra as Portagens nas Autoestradas A25, A24 e A23 promoveu um buzinão

de protesto no Jardim José de Lemos, na Guarda. Zulmiro Almeida, daquela comissão, sustenta que «continuamos a dizer não às portagens. O que se verifica agora é mais grave ao virem com esta falaciosa novidade de que todos vão ter 15 por cento de desconto. Sendo verdade, não é menos verdade que os residentes deixam de ter o que tinham até aqui que somaria 36,25 por cento. Quem se deslocasse da Guarda para qualquer lado diariamente tinha as 10 isenções por mês e tinha os 15 por cento depois. Isso somado dava 36,25 por cento. Eles não dizem isso. São mentirosos, aldrabões e ladrões porque estão a roubar uma coisa a que o povo tinha direito». O responsável adiantou que a comissão irá continuar a lutar para que «não haja portagens» nas autoestradas que servem a região da Guarda e do interior e assegurou que haverá mais protestos na rua «se o Governo não tiver a coragem e a verticalidade de cumprir aquilo que deve: acabar com as portagens que nunca deveriam ter começado».

Zulmiro Almeida realça que «o que dizíamos desde o início veio a verificar-se e estes senhores não cumpriram aquilo que escreveram. O rendimento per capita da população continua a ser o mesmo, senão for pior, e entretanto as isenções foram à vida». Elementos da Comissão de Utentes Contra as Portagens nas Autoestradas A25, A24 e A23 exibiram cartazes com a mensagem “Agora, o Governo até com as isenções acabou” e distribuíram panfletos com apelos: “proteste, reclame, não se cale”.

O novo regime anunciado na noite de domingo pelo secretário de Estado das Obras Públicas e Transportes, Sérgio Monteiro, prevê que as empresas transportadoras de mercadorias continuem a beneficiar de um desconto adicional de 10 por cento nas passagens, durante o dia, e de 25 por cento, à noite, sobre as novas tarifas, o que totaliza uma redução de 25 e 40 por cento, respetivamente. O governante relembrou que as diretivas da Comissão Europeia impedem o critério de residência na aplicação de descontos ou isenções, nas portagens. Sérgio Monteiro acrescentou que o novo regime «é o desfecho de um processo instaurado pela Comissão Europeia a Portugal», de forma a evitar que o Estado pudesse vir a ser multado, onerando «todos os contribuintes».

Argumentos que também não convenceram o movimento Empresários pela Subsistência do Interior que classificou o fim das isenções nas ex-SCUT como «a peça que faltava para acabar» com a região e acusou o Governo de revelar «falta de sensibilidade» para com a região. Luís Veiga, porta-voz do movimento, desafiou o secretário de Estado a mostrar a documentação da União Europeia com que o Governo justifica o fim das isenções, por alegada violação de normas contra a discriminação de veículos consoantes a origem. O movimento de empresários convidou ainda o governante «a viajar de Lisboa à Guarda por vias alternativas», para realçar que não há estradas que substituam as autoestradas. Atendendo aos «prejuízos irreparáveis ao interior», o Movimento ESI disponibilizou na sua página do facebook (www.facebook.com/esinterior) ou diretamente em http://www.peticaopublica.com/PeticaoAssinar.aspx?pi=ESI2012 uma petição online com o objetivo de alcançar cinco mil assinaturas de empresas, instituições, associações, empresários em nome individual e profissionais liberais que permitam a discussão e votação das propostas a apresentar no Plenário da Assembleia da República.

Empresa da Covilhã desenvolveu aplicação para “fintar” pórticos da A23

Uma empresa da Covilhã desenvolveu uma aplicação para os iPhones que ajuda os condutores que queiram fintar os pórticos das portagens da A23.

O software que ajuda a “fugir” aos pórticos da ex-SCUT está à venda na Internet por 79 cêntimos e, por enquanto, só tem uma versão para aquele tipo de telemóveis. A ideia dos criativos da empresa Estrela Sustentável é otimizar o percurso pelas auto-estradas e vias alternativas, tendo em conta que nem sempre escapar às portagens significa poupança. Os testes na A25, que liga Aveiro a Vilar Formoso, já estão em curso e até ao final do ano a empresa promete ter todas as antigas SCUT’s, e onde agora é exigida portagem, cartografas e metidas na aplicação que também vai ficar disponível para o sistema operativo Android.

Ricardo Cordeiro Buzinão juntou dezenas de automobilistas na Guarda

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