“Artesanato no concelho da Guarda” e “Artesanato no concelho do Sabugal” são os dois livros que o Nerga – Associação Empresarial da Região da Guarda e a ProRaia – Associação de Desenvolvimento Integrado lançaram na última sexta-feira.
As duas obras levadas a cabo por estas duas associações, em colaboração com algumas Juntas de Freguesia de ambos os municípios, foram consideradas por Mário Ferreira da Silva, do Nerga, como «duas bíblias do artesanato do distrito». Isto porque os livros reúnem o artesanato mais característico dos dois concelhos, sendo ainda uma homenagem aos artesãos da Beira. Linhos, rendas, bordados, rendas de cinco agulhas, artefactos em granito, pintura em tecido e barcos feitos de fósforos são alguns dos objectos tradicionais executados no Sabugal, sendo que as restantes freguesias raianas possuem ainda peças de ferro forjado, em madeira, trabalhos em pedra, tecelagem, carroçarias típicas para automóveis e produtos naturais como o mel ou a charcutaria. Já na Guarda destacam-se as mantas e cobertores de “papa”, que se produzem em Maçainhas, Trinta e Meios, enquanto a freguesia de Videmonte continua a deter o monopólio das campainhas com que vacas, cabras e ovelhas quebram o silêncio nas serras, sem esquecer o vime e a cestaria em Gonçalo e Famalicão da Serra. Para Madeira Grilo, coordenador do projecto, estes livros «objectivam a alma do artesão e aquilo que produzem» e que pode ser considerado como «cultura e arte». Na sua opinião, os artesãos têm que «ser vistos como gente de primeira categoria», lamentando que o artesanato tenha sido «esquecido pelo Estado, que tarda em aprovar o estatuto do artesão». Uma situação que poderiam fornecer a estas gentes que mantêm vivas a cultura e a tradição das suas terras uma «protecção económica e social». As críticas de Madeira Grilo estenderam-se ainda às Juntas de Freguesia que não apoiaram nem colaboraram nesta edição. No futuro, o professor espera apenas «concretizar um grande livro do artesanato do distrito».