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Arte contemporânea à solta no Feital

Nona edição do Simpósio começa sábado no atelier “Temos Tempo” de Maria Lino

O atelier “Temos Tempo”, no Feital (Trancoso), abre as portas ao público no sábado com os trabalhos produzidos no ano passado por artistas alemães, franceses e portugueses, na tradicional residência artística proporcionada por Maria Lino. É uma das vertentes da nona edição do Simpósio Internacional de Arte, em que os criadores convidados também estão de regresso para continuar as suas experimentações em desenho e escrita.

Em Setembro de 2006, este tema ocupou Bárbara Assis Pacheco, Antje Bromma, Barbara Spielmann, Doris Cordes-Vollert, Ingrid Beckmann, Claire Moreau e Susann Becker, que agora apresentam as interpretações suscitadas pelo ambiente e a envolvência do Feital. Como sempre, pode contar com obras espantosas, estranhas e inesperadas, pois o olhar demorado sobre o comum das coisas produz autênticas surpresas. É a arte que o tempo faz e que o Feital torna possível para estes artistas plásticos. Mas o trabalho em papel, tela, pedra e outros materiais encontrados, continua nas próximas semanas, juntando-se-lhes nesta tarefa criadora a escultora Cristina Ataíde. O objectivo do simpósio é fomentar a partilha de criatividade com os habitantes da aldeia e aproveitar a Natureza e a cultura do Feital. Aqui não há prémios nem atribuições de bolsas, a recompensa é outra e resulta quase sempre de um inédito processo de auto-criação a partir da inesgotável fonte de inspiração proporcionada pela Natureza e pela troca de experiências. Este encontro de arte contemporânea foi idealizado em meados da década de 90 pela pintora e escultora Maria Lino, então regressada da Alemanha à sua terra natal.

Ali fundou o sugestivo atelier “Temos Tempo”, um autêntico ninho de criatividade implantado no ambiente agreste e isolado desta pequena aldeia do concelho de Trancoso, onde vivem pouco mais de 40 habitantes. Eles são os primeiros destinatários deste reencontro com as sete artistas, cujas obras estão patentes até dia 22. No sábado à noite, a organização, a cargo da associação Luzlinar, propõe uma viagem ao passado com a exibição dos trabalhos de vídeo-arte realizados por Sérgio Taborda em simpósios anteriores. Trata-se de “Tanque Preparado” e “Imagem-Tempo”. Neste trabalho, o artista aborda o tempo e a percepção, captando a duração da mudança de luz que ocorre num espaço de tempo na superfície da água que enche um tanque. O objectivo é confirmar como os factores tempo e duração afectam a nossa percepção das coisas. Luís Bragança Gil, músico e compositor, musicou este trabalho plástico-filosófico com temas para quarteto de cordas, que funcionam quase como desenho de som. Para Outubro estão previstas visitas guiadas à exposição para as escolas, mediante marcação prévia, e público em geral. Está ainda prevista a apresentação do documentário “Luzlinar e o louva-a-deus”, de Margarida Gil, rodado no ano passado. Até lá, dia 29 realiza-se uma oficina de desenho, intitulada “A Natureza também desenha”, orientada por Maria Lino, com a participação de Doris Cordes-Vollert e Susann Becker.

Luis Martins

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