«Uma extraordinária perda». Foi desta forma que o presidente da Ordem dos Arquitectos classificou a possível destruição das duas casas modernistas da autoria do arquitecto Luiz Alçada Baptista e de um sistema hidráulico oitocentista, localizados na Tapada do Dr. António, na Covilhã.
De visita ao local, no último domingo, João Belo Rodeia defendeu, com o apoio de outros especialistas, a sua classificação pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar). «Havendo uma alternativa, é completamente anacrónico estar-se a pôr em causa este conjunto», considerou o responsável, revelando ainda ter pedido à ministra da Cultura a preservação deste património, adianta a edição de segunda-feira do “Público”. «É um espaço absolutamente extraordinário», acrescentou, ao destacar «o conjunto notável de pessoas» que já defenderam a sua classificação pelo Igespar, como Siza Vieira, Gonçalo Byrne ou Guilherme d’Oliveira Martins. Outro dos ilustres visitantes no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi Francisco Aires Mateus, para quem é «fundamental» a classificação daqueles elementos patrimoniais, até «do ponto de vista didáctico».
O arquitecto disse tratar-se de «um excelente exemplo de um conjunto paisagístico e arquitectónico», pelo que a sua classificação seria «sinal de que se começaria a entender o património de outra maneira», não enquanto mero somatório de «objectos isolados». Recorde-se que a Câmara da Covilhã pretende construir a futura Barragem das Cortes no mesmo local, pelo que mantém um diferendo com o proprietário do terreno, Luís Alçada Baptista, que remonta a Agosto de 2008. Quanto à visita, foi organizada pela Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos e juntou cerca de 30 profissionais.