A população da Guarda foi recentemente confrontada com uma notícia que, não constituindo qualquer surpresa, é contudo motivo de preocupação e de reflexão crítica: a contratação de uma empresa de consultoria para elaborar um plano de saneamento financeiro da Câmara Municipal.
Após a recorrente negação, por parte do executivo camarário, da necessidade de proceder urgentemente a uma reorganização financeira da edilidade, eis que chegou o momento da verdade, o qual foi precipitado pelo insustentável desgoverno das finanças municipais, que não apresentam sustentabilidade bastante para garantir as despesas correntes com os encargos da dívida e com o pessoal.
No entanto, o PSD do concelho da Guarda já há muito que alertava os atuais gestores autárquicos para esta situação. De facto, basta procurar nas atas da Assembleia Municipal desde finais de 2005 para encontrarmos variadas intervenções em que este assunto foi debatido e analisado, mas, como sempre, desvalorizado e considerado pelo executivo como um negativismo patológico da oposição.
Seis anos e duas eleições volvidas (pese embora a maior parte dos protagonistas da autarquia serem os mesmos), a realidade demonstra a razão de tais intervenções e alertas. Esta situação traduz mais uma prova dada pelo autismo socialista em relação à pedagogia da oposição e à incapacidade de combater o “monstruoso” défice financeiro criado e alimentado ao longo dos mais de 35 anos pelo panem et circens da Guarda.
Não se estranha esta evidência há tanto tempo constatada. Estranhamos o facto de haver necessidade de recorrer a uma entidade externa para resolver problemas eminentemente internos.
Como é possível que uma autarquia, que, no início de 2011, possuía no seu quadro de pessoal 118 técnicos superiores (mais de 20 por cento do total de funcionários) e que pretende até ao fim do ano aumentar esse número em mais 103 funcionários (um aumento de mais de 86 por cento), não consiga fazer o “trabalho de casa” com os seus (imensos) recursos próprios?
Como é possível que existam na autarquia uma Divisão de Planeamento Económico-Financeiro e uma Divisão de Contabilidade, que no seu total empregam 28 pessoas (estando prevista a contratação de mais 8) e seja necessário contratar uma empresa para lhes dizer como hão-de gerir as próprias contas?
Como é possível pretender pagar-se 60.000 euros a uma empresa selecionada por convite para realizar a simples tarefa de transformar a dívida de curto em dívida de médio e longo prazo, ou seja, penhorar ainda mais o futuro deste concelho, e deixar para os vindouros uma situação insustentável?!
O PSD do concelho da Guarda dispõe de um gabinete de estudos que, caso a autarquia o pretenda, desde já se disponibiliza a efetuar tal estudo, atento o rigor previsional que tem demonstrado, pois as suas assertivas previsões acabam por se verificar.
Por: Manuel Rodrigues
* Presidente da concelhia da Guarda do PSD
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