Uma nova cooperativa para servir todos os apicultores da Beira Interior está a nascer a partir da união de duas entidades da região com ligações ao sector do mel. A Associação de Apicultores da Serra da Malcata (AASM), que vinha demonstrando algum dinamismo apesar dos escassos recursos que possui, ligou-se à Cooperativa Beiramel, uma entidade com uma estrutura maior mas cujo funcionamento nos últimos 10 anos foi marcado por uma «completa inoperância». A nova entidade ainda não tem nome, até porque o projecto ainda não está totalmente definido.
No decorrer do último ano, e perante o descontentamento de um grupo de associados, as duas estruturas mantiveram negociações de forma a extinguirem as suas direcções com o intuito de criar uma única entidade forte, até que na semana passada chegaram a uma plataforma de entendimento, numa ideia que contou com o apoio da Reserva Natural da Serra da Malcata e das autarquias do Sabugal e de Penamacor. Contudo, este é um projecto que ainda não está completamente definido e cuja constituição continua em curso, sendo que o objectivo primordial passa por criar um «organismo forte» e capaz de assumir «um grande peso» a nível de toda a Beira Interior e do país. «Há todas as condições para que tal aconteça», sublinha António Joaquim Moura, presidente da direcção da nova entidade. Para já, a denominação da cooperativa ainda não está definida, mas esta também «não é a questão mais importante no momento», diz. Nesse sentido, a junção das duas entidades é vista «como o juntar o útil ao agradável», realça, considerando tratar-se de «colocar as pessoas mais indicadas nos lugares mais indicados». No entanto, os órgãos sociais da nova entidade, que derivam na sua maioria da AASM, ainda não reúnem o consenso dos associados, uma matéria que deverá ser abordada na próxima quarta-feira numa reunião com o «núcleo duro» de ambas as instituições cessantes.
O anterior presidente da Associação de Apicultores da Serra da Malcata frisa que foi feito muito «com os poucos meios que a associação dispunha», recordando o processo de alteração de leis que já tinham muitos anos de vida. Pelo lado oposto, a Beiramel, fundada em 1984, «não existiu praticamente de há 10 anos a esta parte», revelando «uma completa inoperância» com as suas máquinas e instalações a serem utilizadas «ao sabor do vento» por particulares, pelo que era importante «revitalizá-la». Actualmente, a Beiramel tem cerca de 100 associados, enquanto que a AASM se ficava pelos 50, embora havendo alguns em comum, mas António Joaquim Moura acredita que quando o sector começar a “mexer” se poderá assistir a um «aumento considerável» do número de produtores de mel interessados, entre 100 a 300, até porque a Beira Interior é «uma área muito vasta», indica. Para o futuro, a nova direcção tem em mente avançar com dois projectos «fundamentais», como garantir a Denominação de Origem Protegida (DOP) para o mel produzido e uma melaria colectiva, capaz de dar resposta às limitações individuais de acesso ao mercado. Contudo, «há muitas condições colaterais que têm que se levar em conta», refere, aludindo nomeadamente à forma de «captar o interesse e a participação dos associados», avisa.