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«Apesar da desertificação e das condições económicas das famílias, o escutismo continua a aliciar cada vez mais jovens»

Cara a Cara – Sandra Bento

P – O que a levou a candidatar-se à chefia da Junta Regional da Guarda do Corpo Nacional de Escutas?

R – Um dia um amigo fez-me um pedido, um desafio, o de formalizar uma candidatura à Junta Regional da Guarda. Não foi fácil tomar uma decisão. Mas, depois de ponderar muito, julguei ser o momento de dar ainda mais de mim e criar uma patrulha capaz de estar à altura dos desafios que os tempos atuais nos colocam. A nossa missão no escutismo é muito mais do que “contribuir para a educação dos jovens, partindo dum sistema de valores enunciado na Lei e na Promessa escutistas, ajudando a construir um mundo melhor, onde as pessoas se sintam plenamente realizadas como indivíduos e desempenhem um papel construtivo na sociedade”. Passa sim por trabalharmos em patrulha, relacionarmo-nos com todos, aprendendo e crescendo e, ao mesmo tempo, divertindo-nos com o que fazemos. Só assim conseguimos que os nossos jovens cresçam felizes e sejam, também eles, capazes de construir pontes com os seus semelhantes.

Foi esta patrulha que escolhi tendo ainda como Chefe Regional adjunto, Luís Fernando dos Santos Pereira; como Secretário Regional para a Gestão, José Miguel Gaspar Carvalhinho; como Secretária Regional Pedagógica, Regina Maria de Jesus Gaudêncio Barata Pereira; como Secretário Regional dos Recursos de Adultos, Miguel Ângelo Fazendeiro de Ascensão Silveira; e como Secretário Regional para o Desenvolvimento e Expansão, Diogo José Ferreira Penha. Todos juntos iremos enfrentar os escolhos que vamos encontrar nesta nossa viagem. Queremos construir um futuro que valorize o passado, investindo na confiança e na inovação, gerindo com eficácia, seriedade, rigor e transparência.

P – Quais os projetos e atividades que gostaria de realizar a curto e médio prazo?

R – Temos muitos projetos em mente que queremos colocar em prática, mas que têm de ser ponderados e avaliados. Quanto às atividades temos já este ano uma grande iniciativa de cariz nacional na nossa região. Trata-se da “Luz da Paz de Belém”, uma cerimónia que vai acolher todos os agrupamentos do país na cidade da Guarda. Outra grande atividade que vamos lançar este ano de 2018/2019 será o Acampamento Regional, onde vamos juntar todos os agrupamentos da nossa região.

P – Há algum fator que identifique como potencial comprometedor de medidas e atividades?

R – Estamos a iniciar este triénio 2018-2021, pelo que ainda é cedo para fazer uma avaliação. Mas para já não encontro qualquer fator que vá ao desencontro dos objetivos a que nos propomos neste mandato.

P – A Junta Regional da Guarda do CNE conta com quantos elementos? Existe boa adesão dos mais jovens ao escutismo?

R – A Junta Regional conta com seis elementos que formam a patrulha eleita para os vários sectores deste organismo, mas a Junta Regional são todos os elementos de todos os agrupamentos da região da Guarda. Atualmente a Região da Guarda conta com mil efetivos. O nosso fundador Baden Powell dizia que “o melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros”. Foi ele que criou um método educativo para jovens, o qual ainda hoje atrai milhões de jovens em todo o mundo, como na nossa região. Apesar da desertificação e das condições económicas das famílias, o escutismo continua a aliciar cada vez mais jovens. O nosso método educativo atrai os jovens, pois valoriza o jogo. Outro dos pilares do escutismo que atrai os nossos jovens é a descoberta de nós mesmos, dos outros e de tudo o que nos rodeia, o sentido de comunidade, o espírito de serviço, de equipa, a aventura iniciada com a Promessa. Isto é, o escutismo é uma escola de vida.

P – Quais são as principais carências da Junta Regional da Guarda do CNE?

R – Uma das carências na Junta Regional são meios financeiros mais adequados, uma sede maior para reuniões, formações e acolhimento. Claro que não posso deixar de agradecer a preciosa ajuda da Câmara da Covilhã, que durante todos estes anos nos cedeu a sede onde estamos sediados. Quanto à região, a falta de adultos e principalmente a desertificação, além dos problemas intrínsecos à interioridade, como acessos, baixa natalidade e esvaziamento das aldeias, são algumas das principais carências.

P – Como descreve atualmente o movimento do escutismo na região e no país?

R – O Movimento Escutista, que chegou a Portugal em 1923, congrega atualmente mais de 80 mil jovens, sendo igualmente o maior movimento de juventude do país.

Na nossa região somos mais ou menos 800 jovens e 200 adultos (dirigentes), distribuídos por 19 Agrupamentos, com 2 agrupamentos em formação. Sofremos um decréscimo que se deve principalmente à desertificação que se faz sentir no interior, principalmente nas aldeias.

Perfil:

Chefe da Junta Regional da Guarda do Corpo Nacional de Escutas

Idade: 42 anos

Naturalidade: Covilhã

Profissão: Professora de Físico-Química do ensino básico e secundário

Currículo: Licenciatura em Ensino da Física e da Química pela Universidade da Beira Interior; professora dos 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário; curso de Formação Pedagógica de Formadores; escuteira desde 1980; Promessa de lobita a 18 de junho de 1981; Promessa de dirigente 26 de maio de 2001; chefe de unidade da I, II e III secção; Secretária Regional do Projeto Educativo; membro do departamento nacional da I secção; curso de iniciação pedagogia; curso complementar de formação; curso do Programa Educativo; curso de diretores de formação

Livro preferido: Todos de Sveva Casati Modignani

Filme preferido: “Àgora”, de Alejandro Amenábar

Hobbies: Viajar, ler

Sandra Bento

Sobre o autor

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