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Apenas meia-dúzia em manifestação de agricultores

Manifestantes protestaram contra subida dos preços dos combustíveis e dos adubos

Sem tractores, enxadas ou sacholas. Foi deste modo que decorreu a manifestação promovida pela Associação Distrital de Agricultores da Guarda (ADAG) na tarde do último sábado que contou com uma fraca adesão. Apenas meia-dúzia de agricultores mostraram o seu descontentamento em frente ao Governo Civil contra a subida dos preços dos factores de produção, como os combustíveis, mas também os adubos e os pesticidas que tornam «impossível» fazer face à concorrência espanhola.

António Machado, presidente da ADAG que tem cerca de 2.900 sócios, explicou a fraca adesão com o facto dos agricultores saberem que não podiam apresentar-se de tractor na manifestação. «Sabíamos que não nos deixavam trazer tractores» e, por isso, «nem sequer pedimos autorização ao Governo Civil», frisou. O dirigente acusou o primeiro-ministro José Sócrates de ter dado «instruções aos Governos Civis para não autorizarem tractores em nenhuma cidade». O líder da ADAG salientou que «as políticas agrícolas erradas levam ao desastre total de um país», queixando-se ainda de que a agricultura portuguesa «está de rastos, completamente no fundo e não se vê sobrevivência possível», realçou. De resto, afirmou mesmo que se o «Governo quer acabar com a agricultura, que acabe com ela de uma vez por todas». Por outro lado, no que se refere à agricultura familiar, a mais praticada no distrito, «os problemas da lavoura agravam-se dia-a-dia». Assim, «todos os dias, chegam ao conhecimento da ADAG preocupações e queixas dos agricultores sobre os problemas que tornam a sua actividade nos campos cada vez mais difícil, devido ao aumentos dos factores de produção, em especial os combustíveis, mas também os adubos e os pesticidas», sublinhou. Com os consumidores a «pagarem cada vez mais caros os produtos agrícolas e os agricultores a terem de vender a preços inferiores aos de um ano atrás» a vida dos lavradores «está a tornar-se num verdadeiro inferno com a brutal quebra do rendimento das explorações agrícolas».

O dirigente apontou os sucessivos aumentos do gasóleo e a concorrência espanhola, como dois factores que estão a contribuir para «enterrar» a agricultura nacional, exemplificando que «um saco de adubo para fazer fruta custa 45 euros em Portugal e metade em Espanha». Deste modo, «como é que é possível competir?», questiona, relembrando que do lado de lá da fronteira o gasóleo também «é muito mais barato», exigindo ao Governo que faça «qualquer coisa, pelos menos, para que não aumente todas as semanas» de preço. A desertificação das aldeias do distrito também preocupa o agricultor que se apresentou com um cartaz onde se podia ler que «senhor Sócrates prepare-se para mandar fechar as portas dos cemitérios das nossas aldeias, pois há já poucos velhos para enterrar». Pouco depois da singular manifestação dos agricultores, foi a vez de chegar um cortejo de cerca de meia centena de manifestantes que participaram em mais uma jornada nacional de luta convocada pela CGTP.

Ricardo Cordeiro

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