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Aparelhos partidários agitam-se na região

Os aparelhos partidários não contavam com eleições e a aritmética calculista dos políticos foi por água-abaixo com a demissão do Governo. Os dirigentes com mais “peso”, dos diferentes partidos, põem-se em bicos de pés para ocuparem os lugares elegíveis. Os dados estão lançados e a corrida às listas fervilha.

Na região, são poucos os lugares de eleição.

No distrito da Guarda, independentemente de quem tiver mais votos, o PS elegerá dois deputados e o PSD outros dois. Já é certo que Francisco Assis regressa ao Porto como cabeça-de-lista – o protagonismo como líder da bancada socialista permitiu-lhe encabeçar uma lista num distrito mais importante. Por cá, os nomes seguintes deverão repetir-se em relação ao anterior ato eleitoral: José Albano regressará à Assembleia da República (a não ser que faça questão de permanecer na sua comissão de serviço na Segurança Social), secundado por André Figueiredo, que desta feita não deverá aceitar abdicar do seu lugar, e em terceiro (vaga feminina) surgirá Rita Miguel. Resta saber qual o poder – e o interesse – de Joaquim Valente para baralhar estas contas, que também podem sair furadas se a direção nacional voltar a impor um nome para liderar a lista. Nesse caso, haverá muita discussão nos corredores da casa socialista.

No PSD as pressões já começaram. Passos Coelho disse que não queria presidentes de câmara nas listas para deputados, mas a necessidade de conquistar eleitores imporá os nomes mais sonantes, nomeadamente os autarcas. Assim, Álvaro Amaro e Júlio Sarmento, que não poderão renovar os mandatos nas respetivas câmaras, são os nomes mais fortes para conquistarem votos para o PSD, além de serem considerados por muitos como os melhores ativos do partido no distrito. Os dois atuais deputados deverão descer de lugares. Carlos Peixoto terá grande dificuldade em continuar em São Bento e o mesmo deverá acontecer com João Prata – que confia na sua longa amizade com Passos Coelho para segurar um lugar elegível e deverá usar o argumento de notoriedade de deputado para poder ser candidato à presidência da Câmara da Guarda. Mas se ficar de fora da Assembleia da República perderá também o comboio da candidatura à autarquia dominada há 35 anos pelos socialistas.

Em Castelo Branco, o PS não deverá fazer qualquer mudança e José Sócrates, naturalmente, voltará a encabeçar a candidatura socialista, que deverá manter, também, Fernando Serrasqueiro, Hortense Martins e Jorge Seguro. Já o PSD deverá mudar os rostos que irão “defender” o distrito no Parlamento. Carlos Pinto e Manuel Frexes não deverão admitir que o partido volte a apostar no “açoriano” Costa Neves e deverão assumir a sua disponibilidade e interesse no salto para a Assembleia da República, até porque estão no último mandato como autarcas. Já Carlos São Martinho deverá ter feito o suficiente na Assembleia da República para voltar a estar entre os escolhidos.

Os demais partidos, nos dois distritos, dificilmente conseguirão atingir a barreira dos dois dígitos, mesmo considerando as subidas que o Bloco de Esquerda e o CDS/PP registaram nas últimas eleições.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
Tonecas Melga tonecas_melga@yahoo.com
Comentário:
Infelizmente, não só para a Guarda mas para todo o Portugal, não vejo grandes hipóteses do BE subir a sua votação, ou mesmo mantê-la. O apoio a Manuel Alegre nas últimas Presidenciais foi uma espécie de tiro no pé. Oxalá a minha previsão esteja errada. Desejo imensamente errar !
 

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