Os meus mais respeitosos cumprimentos e a certeza do melhor desempenho no cargo que é, claramente, um dos mais lídimos sustentáculos da Grei; também a gratidão pela profunda atenção com que vai ler-me.
A minha “boa estrela” sempre se confirma. Há muitos anos que devo um elogio público ao Senhor Chefe José Cebola que integrou a PSP nesta cidade; e também ao agente Fernando Maia pela sua actuação, no momento em que um rapaz atravancava o trânsito de uma forma absurda e o dito agente lhe deu orientações muito claras para acabar com tal. Sem todavia conhecer o último aproveitei o ensejo, no momento em que o encontrei num restaurante onde como habitualmente, para vivamente o felicitar. O dono do restaurante foi uma das testemunhas deste elogio. Sem o que segue não sei se poderia trazer a público estes louvores.
Contudo… No transacto dia 4 acabara de distribuir algumas fraldas por colegas de ambos os sexos e, como sempre, estava leve, confiante e optimista, o que é intrínseco à minha idiossincrasia. (Em defesa da Maternidade da Guarda a fralda é, agora, o símbolo que se ostenta, tanto no carro como na janela de casa).
O vigilante do Liceu tinha-me levantado a cancela para poder sair com a minha viatura, seriam 16,15 minutos. Entre a cancela e o sinal rodoviário de “STOP”, que antecede a rotunda são 39 passos pequenos. Nestes escassos passos, não obstante a mínima velocidade a que, fatalmente, não podia deixar de vir, ainda afrouxei. Estava entusiasmado com a adesão dos colegas em porem uma fralda no carro, tinha-as esgotado e ia à Rádio Altitude buscar mais (remeto Vª Exª para o meu artigo aqui surgido a 6 último). O entusiasmo – que fique bem claro – não me faz perder o sentido da delicadeza, atenção e inteligência que o acto de conduzir é – mesmo que qualquer um possa ter lapsos.
Ou seja: dado o exposto e por o trânsito – tanto no interior da rotunda como nos acessos – ser absolutamente nulo, avancei. Qual não é o meu espanto quando a “Brigada de Intervenção Móvel” da PSP, situada no lado oposto, me manda parar!!
O agente… (tenho o nome dos componentes da brigada, mas não cometo a deselegância de arrolá-los) em tom insuportavelmente inamistoso pediu-me os documentos. Depois, sempre em tom de insuperável enfado, conferiu tudo o que tinha a conferir. Ao dizer-me que o que eu tinha feito era muito grave – repito que o trânsito era absolutamente nulo no interior e acessos à rotunda – fiquei indignado. E disse-lhe com um polido vigor: “Vai ficar com isso na consciência”.
Como substituo as férias de Agosto por visita a museus, arte e património em toda a Europa, desde Esparta até c. Círculo Polar Ártico, disse-lhe, tal como aos companheiros de serviço, que “a condução é uma questão de atenção (por se estar atento e ser atencioso) e inteligência”. E, em relação ao significado da palavra “stop”, disse a outro dos elementos que ele próprio bem sabia o significado do termo e que eu tinha frequentado uma universidade em Portugal e outra no estrangeiro – sem jamais ter tido o mínimo problemas em viagens. O que a minha companhia de seguros gastou comigo foi um “toque” dado na porta de carro de um graduado da PSP, vizinho, resultado de um recuo sem visibilidade. Não perdi bónus.
Ortega y Gasset, em Estudios sobre el Amor (não conheço tradução portuguesa), diz, a dada altura: “É sempre muito fácil sabermos se os outros são amigos. Basta olharmos para as calorias sentimentais que emitem”. A Filosofia, a Psicologia e a Parapsicologia ensinam-nos isso. – Ainda por cima sou hiperestésico, ou seja, é, com certeza absoluta, que lhe comunico, Exmo. Sr. Director Geral, que os elementos da brigada estavam (pelos vistos é a sua identidade) carregados de energia negativa. Falar de uma postura prepotente, fascista (fascismo: irracional emergente) é puro pleonasmo. O aparelho para pagar com cartão estava avariado. Não houve qualquer pedido de desculpas por ter sido obrigado a ir a uma caixa multibanco.
Mas há mais. O dito sinal é ilegal porque:
– o tipo construtivo (de fabrico) não cumpre as normas de segurança (dupla quinagem dos bordos);
– não tem a homologação da DGV.
O meu advogado corrobora-o.
Por outro lado, perdoa-se a uns e pune-se a outros? Os agentes sabiam muito bem quem eu era, porque o meu carro é único. Há tempos chamaram-me a atenção para uma falta que, afinal, não era. Foi há semanas ou meses. Com toda a simpatia – que, na altura, não entenderam – e a naturalidade decorrente cidadania disse-lhes: “Se estão tão interessados em actuar, por que não chamam a atenção para os carros que estacionam na paragem de autocarro obrigando este a ficar na faixa de rodagem e a originar uma fila atrás, que espera e polui?”.
Haverá, Excelência, relação de causa e efeito entre um facto e outro?
Em Espanha, a polícia é competente, eficaz e de postura aristocrática; em França (“Gendarmerie”) é próxima, inteligente e cheia de ironia; na Holanda tem a dignidade de aceitar um valente correctivo, como me aconteceu uma vez em que tive que dar-lho c.Klazienaveen; na Dinamarca tem uma contagiante ironia e boa disposição; na Suécia um sóbrio profissionalismo;… Falo da polícia de trânsito, que por sua vez, em Portugal, é um mimo.
Tivesse eu um espaço à disposição e gostaria de deixar-lhe os meus reiterados testemunhos.
Ora, dia 4, o agente, no já referido tom prepotente disse-me: “Assine aqui”. Ingenuamente assinei. Por que não se dá nível a essa gente? “Faz o favor”, “Tem a bondade de”, “Tenha a amabilidade”, parecem-me prioritários. – E sempre com energia positiva, elevação. Repeti-lhes que publicaria o sucedido, na imprensa.
Peço-lhe mais, Excelência! Mande investigar a fundo o que se passou e recicle-os – bem reciclados. A cidadania não passa por menos.
Deus o abençoe e ao seu serviço!
Guarda, Domingo de Ramos de 2006
J. A. Alves Ambrósio, Guarda