Artur Portela, escritor e jornalista, apresenta amanhã na Covilhã e no Fundão a “História Fantástica de António Portugal”, o seu último romance publicado pela Dom Quixote. As sessões de lançamento do livro decorrem no auditório do Departamento de Letras, no Pólo IV da UBI e no Casino Fundanense, respectivamente, contando ambas com a apresentação da obra por Fernando Paulouro Neves, jornalista e actual director do “Jornal do Fundão”.
A “História Fantástica de António Portugal”, cuja acção incide temporalmente na história contemporânea portuguesa, narra a vida tragi-cómica de um António, herói e anti-herói, cujas aventuras ardilosas atravessam – e por dentro – muito do século XX português: o regicídio, o 5 de Outubro, Sidónio, a inexorável conquista do poder pelo Dr. Oliveira, a exposição do Mundo Português, a II Guerra Mundial, Futebol & Fátima, as torturas na “secreta”, os massacres em África, a revolução do general Spaniel e a adesão à Europa. Tudo termina num país a caminho de estar todo em preventiva prisão, retratado por uma narrativa intervalada de sorrisos e lágrimas, de picaresca sátira e de drama pungente. António, que tem olhos verde-rubros, surge assim como um português-Portugal, pelos arranques de coragem, pela emoção, pela insubmissão, pelo gosto das mulheres ou o vagamundismo. Artur Portela nasceu em Lisboa, no seio de uma família de escritores, pintores e jornalistas. Publicou o seu primeiro livro (“A Feira das Vaidades”) em 1959, onde as críticas directas e certeiras alegorias originaram a sua imediata apreensão pela PIDE. Ao longo dos anos 60, lançou as colectâneas de contos “A gravata berrante”, “Avenida de Roma” e “Thelonious Monk”, bem como os romances “O Código de Hamurabi”, sobre a Lisboa literária e jornalística, e “Rama”, verdadeiramente uma história de amor.
Ligados à sua intervenção jornalística estão os seus volumes de crónicas de contundente crítica social e cultural das séries “A Feira das Vaidades” (2 volumes), “O Novo Conde de Abranhos” (2 volumes) e “A Funda” (sete volumes, o terceiro dos quais foi apreendido pela polícia política marcelista). Ainda nos anos 70, publicou os romances satíricos, de fundo político, “Marçalazar” e “Foto-montagem”. Após dedicar-se a trabalhos de História cultural dos séculos XVIII e XX, regressou à ficção em 1987 com as narrativas próximas do fantástico de “Três lágrimas paralelas”. Em 2001, surge a sua parábola “A Ração do Céu”, que vem dizer, e muito oportunamente, que a guerra é o prolongamento da fome por outros meios, designadamente o da abundância. Em 2002, publicou “A Manobra de Valsalva”, uma sátira sobre o poder dos media, a interactividade e a globalização.