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António Candeias deixa Desportiva de Fornos

Redução significativa do subsídio atribuído pela Câmara Municipal leva clube a correr risco de cair no vazio

Depois de quatro anos à frente da Associação Desportiva de Fornos de Algodres, António Candeias garante que não tem condições para continuar a presidir ao clube que foi esta época despromovido ao Distrital da Guarda. Tudo porque a Câmara entendeu reduzir de forma significativa o subsídio anual atribuído à colectividade na próxima época, tonando «muito complicado» concretizar a ambição de regressar à IIIª Divisão Nacional. Entretanto, ninguém se mostrou interessado em assumir a direcção da Desportiva fornense, pelo que a Assembleia Geral de segunda-feira deverá ser decisiva.

Recorde-se que na reunião de associados realizada na semana passada, o presidente cessante avisou que só continuaria na liderança do Fornos caso fossem reunidas condições para realizar uma época em que a grande aposta seria o regresso à IIIª Divisão Nacional. Contudo, a autarquia decidiu reduzir a verba anual atribuída ao clube de 85 para 50 mil euros, um montante que Candeias considera não ser «suficiente» para alcançar esse objectivo. O presidente cessante garante que a redução de cerca de 35 mil euros é o motivo que o faz abandonar a cadeira maior da colectividade: «Acho que foram valores muito baixos e, efectivamente, não tenho condições para continuar», afirma, realçando que a Desportiva tem todas as camadas jovens a funcionar, mas que essa era uma condição de que «nunca iria prescindir». Da mesma forma, Candeias reforça que o orçamento está dependente do que se queira atingir, sublinhando que ter uma equipa candidata à subida «já custa algum dinheiro» no Distrital. «Mas se é só para andar por lá, se calhar 50 mil euros até será muito», desabafa.

António Candeias garante que, tal como é norma, as contas do clube se encontram «a zero», o que só foi conseguido graças a «um sacrifício e a um certo rigor nos orçamentos», frisa. Nesse sentido, ao verificar o que tem disponível para a próxima época no Distrital da Guarda, o presidente cessante considera que «o melhor é ficar com o ónus da descida, mas de consciência tranquila» e a certeza de que «tudo» fez para que ela não se consumasse. Em relação à ausência de interessados em assumir a liderança do clube, Candeias diz que já é uma conjuntura habitual na colectividade. «Sempre se passou a mesma coisa. Nunca houve candidatos nas primeiras assembleias. Apenas houve vontade de um determinado sócio em assumir a presidência e escolher os seus colaboradores, que foi aquilo que aconteceu comigo nas várias épocas em que me candidatei», recorda. Até porque o factor que o leva a não apresentar a candidatura poderá ser também um óbice ao surgimento de interessados: «O valor que a Câmara tem disponível poderá não ser o suficiente para as pessoas estarem à vontade para avançarem e terem, eventualmente, o projecto ambicioso de levarem o clube novamente à III Divisão», realça. Ainda assim, Candeias não acredita que o Fornos caia num vazio directivo, sendo «natural que ainda apareça alguém». Deseja, de resto, que «pelo menos aqueles críticos dos domingos venham reflectir e ajudar agora o clube». Entretanto, ao que “O Interior” pôde apurar, a maior parte dos atletas que integraram o plantel na última época não deverão continuar no clube.

Ricardo Cordeiro

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