«Nenhuma empresa nacional ou europeia tem meios capazes para continuar competitiva». Quem o diz é a direcção da Associação Nacional da Indústria de Lanifícios (ANIL), no seguimento do acordo de limitação de importações entre a União Europeia e a China, assinado a 10 de Junho.
Embora tenha sido anunciado pela Comissão Europeia como de «obtenção difícil» e considerado como uma «vitória», no sentido de permitir ganhar tempo para que a indústria têxtil e do vestuário da Europa possa encontrar novas soluções para a sua continuidade, a direcção da ANIL vem agora dizer que considera os resultados do acordo «falaciosos», uma vez que a China ultrapassou largamente, em 2004, as quotas a que estava obrigada pelos acordos. Por outro lado, os primeiros três meses de 2005 registaram aumentos dez vezes superiores comparados com igual período do ano anterior. Em comunicado, a ANIL refere que «o comportamento da China em 2004, à semelhança de 2002 e 2003 foi no sentido da violação dos acordos internacionais». A associação acrescenta que o aumento dos produtos importados com origem chinesa resulta «da irresponsabilidade dos políticos europeus e põe em risco a sobrevivência da indústria», dizendo ainda que a argumentação, no sentido de demonstrar que a China não pratica regras leais, está «de tal modo divulgada que nem é necessário repeti-la».
Para a ANIL mantém-se a pergunta que importa: «Porque é que a União Europeia não reconhece à China o estatuto de economia de mercado?» No mesmo comunicado, a associação dos industriais de lanifícios, sediada na Covilhã, refere que o acordo não aflora a questão mais importante. Ou seja, «as condições sociais, ambientais, comerciais, bancárias e energéticas praticadas na China têm de ser alteradas», defende. Segundo a direcção, o acordo serve apenas para «conceder aos Governos o tempo necessário para a renegociação dos acordos comerciais com a China e não, conforme publicitado, para a reestruturação da indústria». Uma tarefa que só se concretiza «se a envolvente político-económica for favorável», conclui a ANIL.