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Aguiar da Beira

O PSD teve uma vitória confortável num município onde os socialistas estão em dificuldades há vários anos. Mesmo assim, os sociais-democratas também perderam votos comparativamente a 2004, quando foram coligados com o CDS. No entanto, nada que se compare à queda do PS, que ficou muito abaixo dos 20 por cento. Quem voltou a brilhar foi o CDS, que obteve um resultado histórico, e o Bloco de Esquerda, que se consolidou como quarto partido num concelho historicamente de direita. Destaque também para os 69,7 por cento de abstenção registados em Aguiar da Beira.

Almeida

Num concelho onde houve menos votantes que em 2004, o eleitorado continuou a preferir o PSD ao PS. Contudo, os dois maiores partidos perderam votos, com destaque para os socialistas. Em sentido contrário, o Bloco de Esquerda teve uma subida impressionante e quase ameaçou o terceiro lugar do CDS. Num degrau abaixo continua a CDU, que não conseguiu chegar aos cinco por cento. A nível dos pequenos partidos sobressaiu o Movimento Esperança Portugal (MEP), que foi, de longe, o mais votado, tendo obtido cerca de metade dos escrutínios da CDU.

Celorico da Beira

O crescimento exponencial do Bloco de Esquerda é o dado a reter num concelho que seguiu a tendência nacional. O PSD subiu comparativamente a 2004 e ganhou, enquanto a votação no PS desceu para níveis que não abonam nada a favor de José Albano Marques. É que o líder da Federação socialista da Guarda é natural deste município e foi presidente da concelhia local até ao ano passado. Já o CDS salvou a “honra” e a CDU subiu ligeiramente a votação.

Figueira de Castelo Rodrigo

O PSD continua intocável e desta vez ultrapassou ligeiramente a barreira dos 50 por cento dos votos escrutinados. Nestas circunstâncias, restou ao PS a maior parte das “migalhas”, ficando bem longe do resultado histórico de 2004. Os “restos” sobraram para o CDS, o Bloco de Esquerda e a CDU, por esta ordem. Curiosamente, deste trio, a Coligação Democrática Unitária foi a força política que mais estagnou e obteve um crescimento muito menor que os restantes. Já o Bloco aproximou-se do CDS, o terceiro partido mais votado.

Fornos de Algodres

Apesar de maioritário, o PSD perdeu votos em relação a 2004, mas muitos menos que o PS, que não chegou aos 23 por cento. O destaque neste antigo bastião centrista é a votação do CDS, que obteve aqui o seu melhor resultado a nível do distrito nestas Europeias. O Bloco de Esquerda ultrapassou a CDU e passou a ser o quarto partido mais votado, enquanto o PCTP/MRPP foi o único dos “pequenos” que conquistou mais de um por cento dos votos.

Gouveia

No feudo de Álvaro Amaro, líder distrital do PSD, o PS registou uma das suas maiores quebras nestas eleições em termos locais. Os socialistas obtiveram menos 20 por cento dos votos que em 2004, enquanto os sociais-democratas subiram pouco mais de três por cento. Quem mais parece ter beneficiado foi o Bloco de Esquerda, que até ultrapassou a CDU num município onde mantém alguma força e protagonismo. A coligação PCP-PEV subiu, mas ligeiramente menos que os bloquistas. Contudo, ambos ficaram acima do CDS.

Guarda

O PS sofreu uma verdadeira hecatombe na sede do distrito, tendo perdido mais de 23,5 por cento dos escrutínios obtidos em 2004. O curioso é que o PSD pouco beneficiou dessa viragem, tendo aumentado apenas cerca de um por cento. O verdadeiro vencedor na Guarda é o Bloco de Esquerda, que deu um salto meteórico e ultrapassou os 11 por cento. Para tal, terá contribuído o voto jovem e, nomeadamente, a freguesia urbana de S. Miguel, a “mais jovem” do concelho. O CDS também subiu ao nível dos seus últimos melhores resultados, registados em 1983, enquanto o crescimento da CDU foi menor.

Manteigas

É o único concelho do distrito onde o PS ganhou nestas Europeias. Por pouco, mas foi o partido mais votado contrariando a tendência nacional e local. A subida dos sociais-democratas não foi suficiente para capitalizar a queda dos socialistas – menos 21 por centos dos votos de 2004. Foi também o único município onde a CDU não foi ultrapassada pelo Bloco, embora este tenha quintuplicado a sua votação. Manteigas tem ainda um recorde distrital, o dos votos brancos, com 5,7 por cento dos boletins escrutinados. A abstenção também foi elevado, rondando os 68,2 por cento.

Mêda

O PSD manteve a hegemonia num município que domina há décadas. Mesmo assim, a votação dos sociais-democratas baixou comparativamente a 2004, embora permaneça um pouco acima dos 50 por cento. Com menos de metade dos escrutínios, o PS evitou um mal maior e até regista, a nível distrital, uma das menores diferenças de votos entre estas Europeias e as anteriores. Já o CDS consolidou-se como terceira força política na Mêda, enquanto a CDU e Bloco de Esquerda trocaram de posições.

Pinhel

Os sociais-democratas subiram umas décimas relativamente às Europeias de 2004 e continuam a ser o partido mais votado. Já o PS caiu 17 por cento num concelho onde a abstenção foi elevada (68,2 por cento). Noutro “campeonato”, o CDS conseguiu um bom resultado num antigo bastião centrista e ficou bem acima do Bloco e da CDU, que mantiveram as distâncias verificadas nas últimas Europeias. Curiosamente, a coligação a PCP-PEV parece não ter tirado proveito da forte implantação comunista na “cidade-falcão”.

Sabugal

É o concelho com a maior taxa de abstenção registada no distrito, mais de 70,6 por cento. Nestas condições, perde peso a vitória do PSD, que baixou comparativamente a 2004. Como noutros pontos do distrito e do país, os socialistas foram os mais castigados, tendo perdido mais de 15 por cento dos sufrágios obtidos nas anteriores Europeias. O CDS voltou a ter algum protagonismo, enquanto o Bloco desfez o empate registado há cinco anos e distanciou-se da CDU. Já o MEP teve o seu melhor resultado distrital, devido ao facto da sua cabeça-de-lista, Laurinda Alves, ter raízes familiares em Aldeia Velha.

Seia

O cenário repete-se neste bastião autárquico socialista. O PSD rende o PS no lugar do partido mais votado apesar de baixar a sua votação de 2004, sinal de que os socialistas perderam muito mais eleitores (cerca de 16,7 por cento). O Bloco de Esquerda foi o terceiro partido, ultrapassando os tradicionais CDS e CDU. Nestas eleições, os senenses relegaram a coligação para a quinta posição, o que pode significar uma perda de força dos comunistas num concelho onde estão organizados e existe um centro de trabalho.

Trancoso

É um dos concelhos onde o PSD está quase sempre acima dos 50 por cento de votos escrutinados. Assim aconteceu no último domingo, dia em que os sociais-democratas até subiram a votação relativamente às últimas Europeias. Neste cenário habitualmente adverso, não é de estranhar que os socialistas tenham registado uma queda assinalável. Em contrapartida, o Bloco e a CDU subiram quase em sintonia, mas não o suficiente para destronar o CDS do terceiro lugar de partido mais votado no concelho.

Vila Nova de Foz Côa

O PSD ampliou a vantagem conseguida em 2004 e aproveitou a perda de fôlego do PS, que baixou 13 por cento. Tal como noutros pontos do distrito, o CDS volta a emergir e surge como o terceiro partido mais votado nestas eleições. Só que seguido de perto pelo Bloco de Esquerda e a CDU, novamente ultrapassada pelo partido de Miguel Portas. Uma situação muito recorrente nestas eleições.

Belmonte

Cinco anos depois, as diferenças que separam PS e PSD nas Europeias foram bem menores. Em 2004, os socialistas foram dominadores e conseguiram mais de 56 por cento dos votos. Em 2009, inverteram-se os papéis, mas o PSD ficou longe do “score” rosa de então e muito perto dos adversários. Apenas 1,7 por cento separa os dois principais partidos. De realçar também as subidas consideráveis do Bloco, que quintuplicou os votos, e da CDU, quase o dobro. O CDS ficou atrás destes protagonismos, perto dos 6 por cento.

Covilhã

Na terra de Carlos Pinto, os sociais-democratas parecem mandar apenas de vez em quando. É que a Covilhã também é a cidade de José Sócrates, pelo que não se estranha a vitória socialista, mesmo que por números bastante inferiores aos 57,7 por cento de 2004. E nestas Europeias o PSD até subiu de votação, enquanto a CDU resistiu ao crescimento do Bloco de Esquerda, que, mesmo assim, protagonizou o maior aumento de votos. Quanto ao CDS, ficou muito aquém em termos de resultados, não chegando sequer aos sete por cento de escrutínios.

Fundão

O PSD ganhou, subindo ligeiramente os resultados de 2004. Foi quanto bastou para aproveitar o descalabro socialista, que baixou 22,7 por cento. Resultado, a diferença entre os dois principais partidos fica-se pelos 1,2 por cento, quando foi de 22,9 por cento nas últimas Europeias. Na “capital” da Cova da Beira, o Bloco de Esquerda “fugiu” ao CDS e CDU, registando mais 7,2 por cento de votos que há cinco anos. Destaque também para a taxa de abstenção, da ordem dos 67,3 por cento, e quase cinco por cento de votos em branco.

Penamacor

O concelho raiano registou, na região, a menor diferença percentual entre PS, que venceu, e PSD, cerca de 0,27 por cento. Em 2004, a situação tinha sido bem mais confortável para os socialistas, que deixaram então os sociais-democratas a “milhas”. Assinalável é o resultado do CDS, enquanto o Bloco parece ter consolidado o seu espaço no espectro partidário concelhio. Isso, à custa da CDU, que aumentou a votação, mas de forma menos notória.

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