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Amaro, um ano depois

Editorial

Há precisamente um ano, só os mais distraídos e completamente cegos e surdos (que são muitos) ficaram efetivamente surpreendidos com o triste fim do feudo socialista na cidade e concelho. Na verdade, se durante anos se poderia apreciar mais ou menos a governação dos sucessivos executivos socialistas, a gestão de Joaquim Valente foi tão displicente e inapta que provocou uma hecatombe nos desígnios dos guardenses – foram oito anos desastrosos para o presente e futuro do concelho. E se muitos socialistas ainda estrebucham contra os trânsfugas que intentaram um golpe independente contra o partido que os erigiu política e socialmente, a verdade é que o descrédito da governança e a inércia do município há muito que era sentida por entre o silêncio recalcitrante de gentes estigmatizadas. Os guardenses calaram, mas registaram; sentiam, resignados, mas atentos, enquanto esperavam um candidato mobilizador – mas há muito que o povo da Guarda ansiava pela mudança! Curiosamente, até há pouco mais de um ano, poucos eram os que ousavam criticar o poder instituído; poucos eram os que se atreviam a denunciar a incompetência e a gestão ruinosa da Câmara da Guarda – este jornal fê-lo como ninguém, informando e denunciando os atropelos às regras e ao interesse público e aqui se leram as opiniões mais acutilantes e as críticas mais audazes ao poder bolorento e inepto de Joaquim Valente. Aqui denunciámos não apenas como Elsa Fernandes tinha arranjado emprego para si própria na Câmara, como até para o irmão; ou como as negociatas e os esquemas à volta de Valente promoveram a negociata fracassada do GuardaMall; e denunciámos reiteradamente os negócios ruinosos para o erário público no “Bacalhau” ou no call center, e tantos outros atentados ao interesse coletivo… é preciso ter memória. Estranhamente, muitos dos que nos criticaram e contra nós tantas vezes verteram o seu fel, por criticarmos e denunciarmos o executivo de Valente, rapidamente mudaram de pouso e estão entusiasticamente junto ao novo poder…

Um ano depois, é necessário recuperar e recordar o sucedido: uma impressionante vitória do PSD e uma desastrosa derrota do PS. Álvaro Amaro soube construir a sua vitória e contou com a inenarrável colaboração da candidatura do PS, que se arrastou pela pior campanha de que há memória e nem um programa eleitoral foi capaz de elaborar e apresentar (e a única “ideia” defendida, a do Património mundial, parecia caída do céu aos trambolhões, sem um estudo que a sustentasse).

Por isso, entrevistámos Álvaro Amaro. Para conhecermos o seu sentimento em relação à autarquia que conquistou há um ano e, especialmente, para deslindarmos o estado das contas, dos negócios, das promessas e dos desânimos (que também os houve, ainda que não confessados, como a impotência para reabrir o Hotel de Turismo, por exemplo). Só ainda passou um ano, diria Amaro em relação ao muito que ainda está por fazer; já passou um ano dirão todos os que esperam que as coisas mudem rapidamente, em especial sobre a atração de empresas e geração de emprego na cidade. E os seus opositores, que, sem argumentos para o contradizer, vão tendo de conviver com a pesada herança de anos fatídicos e esperar que um dia Amaro se vá embora – e ele irá… já no próximo mandato, se Machado não recolocar Coimbra no “mapa” em quatro anos, ou no mandato seguinte para recuperar para o PSD a cidade dos estudantes. Em qualquer dos casos, o grande argumento será a “obra” que irá deixar na Guarda. Esperemos…

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
José Pereira koldofox@gmail.com
Comentário:
Muito bem. Esperemos é que Amaro consiga fazer mais do que o antecessor. Para já, muita parra e pouca uva.
 
Rui claudia_tavares2010@sapo.pt
Comentário:
Foi bom recordar que Elsa Fernandes arranjou emprego às custas do PS e que no facebook me respondeu uma vez que não era funcionária da câmara, era eleita. Pois bem, o PS perdeu, ela que vá procurar emprego para outro lado. Ou então que peça desculpas por ter mentido ao dizer que só estava na câmara por ser eleita, como se as pessoas não soubessem que estava desempregada quando o Valente lhe deu a mão.
 

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