A Câmara da Guarda pagou aos fornecedores as verbas da segunda fase do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) na passada quarta-feira. Mas não se pense que a sessão pública foi só “show off”, foi sobretudo a ocasião para Álvaro Amaro levantar a ponta do véu sobre o que aí vem. «A auditoria interna está feita e não gostei do que encontrei, daí termos encomendado uma auditoria externa que começa na próxima semana [esta]», disse o autarca.
Perante empresários e presidentes de Junta, o edil revelou um pouco daquilo que encontrou e não escondeu a preocupação: «A 9 de outubro, a Câmara da Guarda tinha 13 milhões de dívida de curto prazo, o que é insustentável. Nenhuma empresa ou autarquia consegue sobreviver com esse encargo», considerou Álvaro Amaro, tanto mais que o município tem um «défice crónico» porque «as «despesas correntes são da ordem dos 80 por cento e a taxa de execução das receitas correntes é de 13 por cento». Mas o aviso foi mais direto: «Temo que a situação esteja pior», acrescentou, sublinhando que «a gestão do passado não vai repetir-se» e que, com ele, «a lei dos compromissos vai ser cumprida e não haverá despesa se não houver fundos disponíveis». Já o orçamento para 2014 só será elaborado após o executivo PSD/CDS-PP conhecer com «exatidão a situação económica, financeira e social» da Câmara, elementos que o edil espera ter na sua posse até ao final do ano com os resultados da auditoria externa. De resto, recordou que tem até à Assembleia Municipal de fevereiro para apresentar o plano e orçamento do município.
Aos jornalistas, à margem da sessão, Álvaro Amaro disse esperar que «não haja risco de insolvência» da Câmara, mas escusou-se a adiantar mais pormenores sobre a situação financeira que encontrou para «não lançar o alarme». O que assumiu é que a estratégia doravante é «reduzir despesas para aumentar as receitas». Liquidadas estão já parte das dívidas a fornecedores graças ao PAEL. No passado dia 6, a autarquia pagou 2,8 milhões de euros a cerca de 300 credores (fornecedores, empresas, juntas de freguesia e associações). Uma verba de 1,3 milhões de euros ficou cativa devido à falência da empresa credora. Recorde-se que o apoio do Estado para o município da Guarda foi de 14 milhões de euros, dos quais mais de 9,8 milhões foram pagos na primeira fase. A adesão a este programa de pagamento de dívidas das autarquias implica a contração de um empréstimo a 12 anos. «A Câmara da Guarda vai ter um encargo semestral de 467 mil euros de juros e amortizações só com a verba da primeira fase», revelou o presidente do município.
Nesta sessão, Álvaro Amaro quis também deixar uma nota de confiança aos empresários e fornecedores da Câmara. «Queremos que a economia da Guarda confie ainda mais no município e que acredite que se comprarmos é porque há cabimento de verbas e fundo disponível», disse.
Luis Martins
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