Amor em tempo de cólera é um romance de Gabriel García Márquez e refere um amor persistido, um amor que dura longos anos ao preço das inúmeras contingências da vida e vai deixando crescer os cabelos brancos, as dores da vida. O amor que se deseja e não vem, o amor que se pretende e não chega. Não chega porque se foge dele, porque se teme a sua chegada, porque se não tem coragem de deixar o passado, porque se habituou a rotinas infinitas, ao peso dos filhos, dos netos depois, da família inteira. O amor vai ténue por entre paz e guerra, vai sereno por entre tempestades e resiste. Assim amava a distância e desse modo amava o destino que ela ia escolhendo. Um destino que às vezes a merecia e outras vezes não, que às vezes o perturbava e muitas não. Amava a distância enquanto não esmorecia e suspeitava que um dia seria só a de um abraço estreito. Mas também há amores em que ele não espera nada e simplesmente não é capaz. Não é capaz ou ela o rejeita, ou ele não quer pensando embora outra coisa. Há sempre mais gente e também na história de García Márquez havia pessoas entre os dois que eram também distância e também presença. E tudo isto ia existindo no amor que sentiam à distância enquanto o abraço não vinha. Há histórias que nos fazem pensar sempre.
Por: Diogo Cabrita