O primeiro presidente não socialista da Câmara da Guarda desde 1976 garante que não vai despedir ninguém, mas avisa os funcionários que têm que «compreender o espírito de sacrifício que temos que fazer». Álvaro Amaro confirmou que vai fazer uma auditoria e anunciou a instalação na cidade da delegação da Serra da Estrela da entidade regional do Turismo do Centro.
Em dia histórico, não houve lugar na sala da Assembleia Municipal para todos os que quiseram ouvir o primeiro presidente não socialista da Câmara da Guarda desde 1976. Com um discurso proativo e mobilizador, Álvaro Amaro fechou o ciclo do PS na autarquia e até anunciou a instalação na cidade da delegação da Serra da Estrela da entidade regional do Turismo do Centro – que corresponde ao território das NUTIII Serra da Estrela, Beira Interior Norte e Cova da Beira.
Facto inédito numa cidade mais habituada nos últimos anos ao fecho de serviços e de empresas e que Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro de Portugal, confirmou aos jornalistas após a cerimónia dizendo que «a Guarda era a única capital de distrito da região Centro onde ainda não tínhamos delegação». Até lá, Álvaro Amaro revelou que vai reformular «de imediato» a estrutura orgânica dos serviços da Câmara para compatibilizar recursos com as possibilidades do município. «A atitude contemplativa não nos leva a lado nenhum, neste momento exige-se um combate sério ao desperdício», considerou o autarca, que insistiu que não vai despedir ninguém. Contudo, recordou que o universo municipal (Câmara, empresa municipal e serviços municipalizados) de Castelo Branco tem 377 funcionários para 56 mil habitantes enquanto na Guarda há «681 funcionários municipais e 43 mil habitantes».
Reconhecendo que os dois concelhos são diferentes em termos de freguesias e de área, o presidente sempre foi dizendo que será preciso «explicações e justificações plausíveis para esta situação» e que os funcionários têm que «compreender o espírito de sacrifício que temos que fazer». O edil social-democrata, que presidiu à Câmara de Gouveia nos últimos 12 anos, também confirmou que vai fazer uma «auditoria social, económica e financeira» do município, mas esclareceu que será «um instrumento de gestão e em caso algum um ato de suspeição». Na sua opinião, «é absolutamente natural sabermos o que temos, o que devemos e o que necessitamos». Álvaro Amaro adiantou ainda que vai ter três vereadores a tempo inteiro (Carlos Chaves Monteiro, que será vice-presidente, Ana Isabel Baptista e Sérgio Costa), permanecendo Victor Amaral a meio tempo. vice-presidente Carlos Chaves Monteiro. E que nenhum deles terá assessores, mas vão trabalhar com os técnicos da autarquia.
Na sua intervenção, o novo presidente da Câmara da Guarda sublinhou que, apesar da crise, «estamos proibidos de baixar os braços e de abdicar dos nossos sonhos», comprometendo-se ainda a «mobilizar as instituições e os cidadãos» na defesa de «um estatuto regional» para a Guarda. «Será uma liderança que partilha e não afasta ninguém porque é preciso potenciar a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela», declarou, esclarecendo que serão os seus 15 municípios que vão decidir «um volume considerável» de fundos comunitários para apoiar empresas e o desenvolvimento da região. «Ninguém nos perdoará uma falta de entendimento nesta matéria», avisou. Relativamente às Freguesia, o presidente começou por dizer que as extintas Juntas de São Vicente e Sé terão de deixar o edifício dos Paços do Concelho «até ao final da semana». De resto, indicou que os novos modelos de cooperação entre a Câmara e as Juntas poderão ocorrer sob a forma da «delegação de funções ou da realização de obras conjuntas». No entanto, avisou que «podemos e devemos fazer mais com menos recursos». Álvaro Amaro também não esqueceu o seu antecessor, Joaquim Valente, tendo dito que «a melhor homenagem a quem deixou o lugar é fazer melhor, é esse o meu objetivo».
Presidente escolhe Carlos Condesso e Cecília Amaro para gabinete
O novo executivo camarário reúne hoje para atribuição de pelouros e funções aos vereadores da maioria PSD/CDS-PP. O PS conseguiu dois mandatos, que serão ocupados por José Igreja (advogado) e Joaquim Carreira (arquiteto). Entretanto, Álvaro Amaro escolheu Carlos Condesso para chefe de gabinete, uma decisão que pode surpreender porque o antigo vereador da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo foi um dos apoiantes indefetíveis de Rui Ventura na corrida à Distrital do PSD contra a linha de Amaro e Júlio Sarmento. Do gabinete do presidente faz ainda parte Cecília Amaro, gestora da Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA), que será adjunta.
Fernando Carvalho Rodrigues é o novo presidente da Assembleia Municipal.
Luis Martins