Álvaro Amaro anunciou na última Assembleia Municipal, realizada na sexta-feira, que vai mandar fazer uma auditoria externa às contas da Câmara da Guarda para «que todos os candidatos às autárquicas possam saber qual a verdadeira situação financeira da autarquia e como estava há quatro anos».
Segundo o presidente, que se recandidata a um segundo mandato, esta auditoria deverá ser realizada e divulgada até junho. «Eu quero que os candidatos não tenham o mesmo problema que eu tive em 2013, quando desconhecia as contas do município», justificou o autarca, que após ser eleito mandou fazer uma auditoria que revelou um passivo de cerca de 91 milhões de euros. «Com este documento, os candidatos terão na sua posse uma “fotografia” financeira atualizada da Câmara e estarão em condições de discutir o assunto na campanha», acrescentou Álvaro Amaro. Numa sessão morna, foi António Monteirinho (PS) que agitou a sala a propósito da participação do autarca no debate televisivo “Prós e Contras” do passado dia 20. «Foi um falhanço total. Com a sua intervenção a Guarda deixou de estar no radar», ironizou o líder da bancada socialista, para quem o edil guardense «perdeu-se em floreados como ex-governante e esqueceu-se que estava a representar a Guarda».
Para António Monteirinho, Álvaro Amaro evidenciou que «não tem nenhuma estratégia para a Guarda», tendo em conta o que disseram os autarcas de Évora (CDU) e Vila Real (PS) ali presentes. «O primeiro falou no “cluster” da aeronáutica e das centenas de postos de trabalhos que vai criar. O segundo disse ter 45 empresas à espera que abra a nova zona empresarial. E na Guarda? O senhor presidente apenas falou na plataforma logística, na ferrovia, sem concretizar, deixando a ideia que não se preparou para o programa, o que é lamentável», considerou António Monteirinho. Na resposta, Álvaro Amaro disse que a sua intervenção televisiva «doeu muito» aos socialistas, a quem garantiu que «quanto mais falarem de mim e mais me criticarem, mais votos eu ganho». O caso do Colégio do Mondego também esteve em destaque, com a bancada do CDS-PP a partilhar com os restantes deputados municipais a resposta da ministra da Justiça aos eleitos do partido na Assembleia da República.
Elsa Silva leu o documento em que a tutela refere que, «sob o ponto de vista do desenvolvimento económico e da coesão territorial, o concelho da Guarda em nada será prejudicado, pois o número de reclusos que aí serão alojados será significativamente superior ao número de jovens internados nesta data». Isto porque o Governo quer transformar o Centro Educativo do Mondego em Estabelecimento Prisional de Baixa Segurança para reclusos idosos. Ora para a centrista isto mais não é que «um vergonhoso atentado ao concelho da Guarda». Por sua vez, Álvaro Amaro revelou que ainda aguarda uma resposta da ministra Francisca Van Dunem à carta enviada em janeiro sobre este assunto, enquanto António Saraiva (PS) saiu em defesa do Governo dizendo que será feito «mais um investimento» para acolher até cem reclusos no futuro estabelecimento prisional para idosos e que os funcionários vão manter-se «e até duplicar para dar uma resposta de inovação em termos de serviços prisionais».
Presidente «dispensa» apoio do PS no Hotel Turismo
O tema do Hotel Turismo voltou à tribuna da Assembleia Municipal, com o socialista António Saraiva a garantir que «não haverá interferências políticas» na resolução do impasse. O também líder da Federação da Guarda manifestou disponibilidade para ajudar a autarquia neste caso e garantiu que o PS será capaz «de resolver este problema, ao contrário do PSD que não foi capaz de o solucionar durante três anos».
Contudo, Álvaro Amaro declinou a ajuda: «Dispenso os vossos serviços, pois se os senhores estiverem quietos as coisas andam», afirmou, revelando que o atual Governo já mandou realizar uma segunda avaliação do imóvel. «O problema é que não põem o hotel à venda», criticou o autarca. Nesta sessão, Bruno Andrade (BE) perguntou ao executivo quantos trabalhadores estão a recibos verdes na Câmara e nos SMAS e quis também saber quantas pessoas ali trabalham com contratos de emprego e inserção (CEI) e contratos de emprego e inserção (CEI) +. Mas não obteve resposta. O mesmo deputado abordou também o assunto da barreira metálica colocada e logo retirada na muralha, na Travessa do Poço, questionando se da colocação da mesma tinha sido informada a Direção Regional de Cultura do Centro. O presidente da Câmara declarou que a estrutura foi colocada por «motivos de segurança», mas que foi retirada após ser ouvida a DRCC.
Luis Martins