P – Como encara o facto de ser a primeira mulher a desempenhar o cargo de vice-reitora da Universidade da Beira Interior?
R – Não costumo preocupar-me muito com isso. Acho que as pessoas fazem as coisas pelo que valem, esforçam-se e só têm de mostrar empenho naquilo que fazem. É interessante o facto de ser a primeira vice-reitora, mas a universidade também é nova e ainda não teve tempo de ter outras mulheres em posições destas. O importante é as pessoas empenharem-se naquilo que fazem, independentemente de serem homens ou mulheres.
P – Nessa medida, pensa que poderia haver mais mulheres em cargos de chefia, nomeadamente nas universidades?
R – Acho que sim, se as pessoas trabalharem para isso. Agora, sinto que algumas mulheres são preteridas pelo simples facto de serem mulheres. Pessoalmente nunca tive essa sensação, mas admito que isso possa acontecer.
P – Quais os aspectos em que a UBI pode melhorar com esta nova equipa reitoral?
R – Penso que quando há uma mudança, há sempre possibilidades de haver melhorias. Toda a gente se vai empenhar em tentar melhorar para fazer algo de bom pela Universidade. Não vou agora dizer concretamente o que irá melhorar, mas tenho a certeza que todos nos vamos esforçar para que a UBI funcione bem.
P – Em traços gerais, como vai funcionar o Instituto Coordenador de Investigação, a que vai presidir?
R – Este Instituto foi criado nos novos estatutos da UBI e vai tentar gerir e definir uma estratégia, de modo a que se faça mais e melhor investigação na Universidade. Nesse sentido, os investigadores devem publicar mais artigos científicos, porque o modo de quantificar a investigação nas universidades é através da produção científica e nesse ponto a UBI não está muito bem classificada. O Instituto Coordenador de Investigação vai tentar estabelecer algumas linhas de acção, de modo a fomentar esse aumento da produtividade científica, seja através de incentivos e prémios de mérito, seja com a reorganização da investigação ou definição de temas de excelência e linhas de investigação que sejam mais importantes. Em suma, o objectivo será uma investigação sustentável e com gosto.
P – Pensa então que há algo mais a fazer ao nível da investigação na UBI?
R – A situação não está muito boa relativamente às nossas congéneres nacionais, já para não falar das universidades estrangeiras. Fizemos um estudo estatístico com base nas publicações em revistas internacionais que estão indexadas a índices de referência e nós estamos um pouco mal em termos de produção científica. Há que motivar as pessoas, porque talvez alguns investigadores ainda não tenham ganho o hábito de publicar, ou seja, temos que fazer um esforço para que se faça melhor investigação e se publique o que se produz.
P – Em sua opinião, essa situação poderá dever-se a algum comodismo por parte dos docentes?
R – Nalguns casos sim. No estudo estatístico que fizemos constatámos que cerca de 50 por cento da produção de documentos está concentrada nos 20 investigadores que mais produzem, num universo de 439 docentes a tempo integral. Portanto, há alguns que vão fazendo. O que é preciso é ir buscar os outros que, porventura, estão mais virados para a parte pedagógica.
P – Relacionados com o Instituto Coordenador de Investigação estão o Gabinete de Apoio ao Investigador e o Gabinete de Projectos. Como pensa fazer esta articulação?
R – O Gabinete de Projectos já existe e nós vamos tentar fazer um que lide mais de perto com o investigador, porque cada vez que há candidaturas a projectos, precisamos de auxílio para efectuarmos essas mesmas candidaturas. Ora, é neste sentido que o Gabinete de Apoio ao Investigador será útil, bem como, para fomentar a investigação. Vai haver uma reorganização desse gabinete de modo a que os investigadores estejam mais apoiados e haja uma grande quantidade de candidaturas a projectos para que possa haver um bom financiamento da investigação.