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Al-Qaeda – A Gilette do Terrorismo

«O ‘número dois’ da rede terrorista Al-Qaeda, Ayman Al-Zawahiri, ameaçou hoje o Reino Unido de «mais destruições» e os Estados Unidos de «catástrofes piores do que as do Vietname», num vídeo difundido pela Al-Jazira». Recentemente, esta notícia abriu alguns dos principais espaços informativos, não só de Portugal, mas de todo o planeta. Mais uma manobra da Al-Qaeda para infundir terror no mundo ocidental. Mas, afinal, o que é a Al-qaeda?

Há milhares de sites sobre esta organização e outras tantas teorias. Mas para mim, antes de mais, a Al-qaeda é uma “Marca” dentro de uma estratégia de marketing tendo em vista o globalizado mercado político. Como o IRA e a ETA foram (e são) “marcas regionais”. E todos sabemos a importância que tem, o “poder da marca”.

Senão, vejamos, cumpre os preceitos das marcas comerciais:

Antes de mais, dá notoriedade a um produto – o terrorismo. E é uma marca tão forte que se confunde com o próprio produto. Como a Gilette se confunde com máquinas de barbear ou a Kispo com anoraques. Hoje, falar de terrorismo é falar da Al-qaeda. Isto permite passar uma mensagem global, facilmente compreendida e assimilada por todos. E permite um tratamento de conjunto por parte da comunicação social, de actos isolados, o que permite a coordenação integrada de uma mensagem única – terror e insegurança!

Tem ainda um efeito “Umbrella”, ou seja, identifica sob o mesmo nome, várias categorias de produtos diferentes. Um atentado em qualquer parte do mundo, “tem a marca da Al-qaeda”. Logo, qualquer pequena acção ganha uma notoriedade fabulosa no mundo mediático em que vivemos. Seja um atentado num restaurante, num avião ou numa estação de metro. Quer seja, no Egipto, na Indonésia, ou nos Estados Unidos.

É preciso entender que, as acções de terrorismo não visam matar pessoas especificamente, mas sim criar um clima de terror generalizado que origine uma forte pressão política. As acções de terrorismo são por isso acções programadas de marketing político, que necessitam de enorme mediatismo para funcionarem. A Al-qaeda é uma galeria descentralizada de grupos terroristas que, por si sós, perderiam eficácia. Mas estes grupos, identificados como sócios do mesmo “clube”, vêm reforçado o “status” associado a essa grande marca. As Brigadas Abu Hafs al-Masri, só terão relevância enquanto forem reconhecidas como célula da Al-qaeda na Europa. . Alguns grupos, estou certo, nem têm qualquer ligação entre si. Assim, as suas acções ganham relevância enquanto enquadradas numa estratégia global em torno da mesma “marca-mãe” – Al-qaeda

Conseguiram ainda – com a ajuda dos especialista americanos – obter uma “imagem de marca” simbolizada em Osama bin Laden. A figura deste líder (espiritual) é o logótipo perfeito da organização. É o rosto visível de uma estrutura discreta, mas que encarna a cultura da organização – a sua personalidade. É o veículo da sua mensagem e o elo de ligação e atracção.

Al-qaeda é capaz de rivalizar com marcas como a Coca-Cola ou a MacDonalds, tendo Bin Laden o condão de conseguir uma campanha mundial com a conivência da comunicação social.

Como dizia um professor meu: “o intervalo para a publicidade e o marketing, começa… quando começa o telejornal. O resto são brincadeiras”. O terrorismo é um produto mundial e Bin Laden um grande gestor de marketing. Sem dúvida…

Por: João Morgado

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