Menos de 300 votos de diferença ditaram o fim de mais de duas décadas de liderança “laranja” em Aguiar da Beira. O independente Joaquim Bonifácio, apoiado pelo PS e CDS-PP, venceu o confronto com Fernando Pires e conquistou um dos “bastiões” do PSD no distrito, onde não perdia desde 1989.
O vice-presidente de Fernando Andrade, que não se recandidatou devido à lei de limitação de mandatos, não foi capaz de manter a Câmara para os sociais-democratas. Depois de anunciar a primeira coligação PSD/CDS-PP no distrito, Fernando Pires acabou por concorrer sem o apoio dos centristas, que contavam com alguns militantes na lista independente e acabaram por deixar a candidatura após divergências assumidas por ambas as partes. Na hora de todas as decisões, 51 por cento dos 4.375 votantes escolheram Joaquim Bonifácio, que conseguiu eleger três vereadores, mais um que o PSD. Já a CDU continua a não chegar à meia centena de votos, ficando-se desta vez pelos 34, menos seis do que há quatro anos.
Para o novo presidente de Aguiar da Beira, esta é uma vitória da população: «Estou feliz porque o povo acreditou em nós e a política tem de ir ao encontro das pessoas», afirma Joaquim Bonifácio, para quem o resultado se «deve essencialmente à mensagem de compromisso que transmitimos, pois estamos cá para servir». O ex-presidente da Junta local (eleito com o apoio do PSD) e antigo chefe de gabinete dos autarcas Joaquim Lacerda e Fernando Andrade defende como primeira medida o diálogo com os funcionários da autarquia: «Vamos informá-los de que há uma mudança e outra forma de agir, mas sempre respeitando-os», afirma, acrescentando que depois vai «verificar todos os processos na Câmara Municipal». Quanto à campanha eleitoral, o professor do ensino básico, de 62 anos, considera que «não se faz política com betão, já se fez mas agora não é assim», afirmando que se «tentou dar uma imagem dinâmica nos últimos meses, mas as pessoas estão primeiro».
Por sua vez, Fernando Pires reiterou que, «em democracia, há que respeitar a vontade do povo», justificando a derrota com «o cansaço das pessoas e a vontade de mudar. Penso que terá sido só isso», sublinha. O candidato do PSD vai ser vereador na oposição e adianta que «está recetivo a colaborar com o restante executivo no que for para o bem do concelho».
Sara Quelhas 
