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Aguiar da Beira multa quem esbanja água

A medida não é nova, mas ganha uma maior dimensão devido à situação de seca que assola o país

O executivo da Câmara Municipal de Aguiar da Beira aprovou a aplicação de multas, de montante variável, a quem for encontrado a regar hortas, jardins e a lavar carros com água da rede pública. A medida não é nova no concelho, mas ganha uma maior dimensão devido à situação de seca generalizada que assola o país.

«Há muitos anos que impomos restrições, de carácter obrigatório, ao esbanjamento de água. Quem transgredir é penalizado com coimas, de montante variado, contempladas nos regulamentos internos do município», explicou Fernando Andrade, presidente da autarquia. Apesar do carácter punitivo da decisão, o autarca garante que, na prática, é uma medida «sobretudo preventiva». Tudo porque na época estival os cerca de 6.300 habitantes do concelho triplicam «com a chegada de conterrâneos que trabalham no estrangeiro, nomeadamente Suíça, França e Alemanha. Mas também com os familiares que vivem noutros locais do nosso país», refere. Com o aumento populacional aumenta também a dificuldade em abastecer de água todas as localidades. «Por muito boa que seja a rede de abastecimento público, é impossível dar resposta satisfatória ao aumento dos consumos», enfatizou Fernando Andrade. Para além das punições pecuniárias para quem seja encontrado a usar a água da rede para fins que não sejam exclusivamente domésticos, a Câmara Municipal de Aguiar da Beira procede ao corte de água para obras de construção civil. «Esta medida implica também a proibição das lavagens de carros ou a rega com água de rede», acrescenta.

Para ultrapassar esta dificuldade, que é sentida todos os anos no concelho, já foram construídas novas captações de água, «inclusive algumas ainda estão em obras», ressalva Fernando Andrade. Mas, «ainda é necessário tomar esta medida mais drástica», acrescenta. Por enquanto ainda não há problemas de falta de água, «as coisas estão mais ou menos controladas», diz o edil, mas há algumas anexas que já têm que ser abastecidas pelos auto-tanques dos bombeiros, como na Quinta da Fumadinha ou na Urgueira. Contudo, se não houvesse esta racionalização da água através das multas, «a situação podia ser pior», frisa. Há cerca de 12 anos, quando estas medidas foram aplicadas pela primeira vez, nem todos concordaram e «outros ficaram um pouco renitentes, principalmente os empreiteiros», recorda o autarca. Mas agora já todos acatam bem a medida, «pois sabem que é para o bem deles», realça. De resto, a Câmara é a primeira a dar o exemplo. «Os jardins ou espaços públicos só podem ser regados a partir de captações de água não tratada», assegura Fernando Andrade. A deliberação foi tomada pelo executivo. Depois o edital foi enviado para as sedes das Juntas de Freguesia e para as paróquias, «inclusive os párocos lêem o ofício nas eucaristias», para que todas as pessoas tomem conhecimento, comenta o presidente da Câmara. Entretanto, os funcionários do município fiscalizam, dia e noite, a população. Já foram multados alguns infractores, mas «o mais importante é que as próprias pessoas se fiscalizem umas às outras», reforça.

Patrícia Correia

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