Volto a escrever sobre o Hospital de Sousa Martins. Desta vez sobre o serviço de obstetrícia.
Fui utente deste serviço há mais de 7 anos, quando nasceu o meu filho mais velho. Apesar da então notória precariedade das instalações e da baixa qualidade da alimentação, ficou-me na memória o carinho e a eficiência das enfermeiras e a competência dos médicos. Recordo ainda que a maternidade naquela altura apresentava uma taxa de ocupação elevada (o que ainda acontece).
Hoje estou sinceramente preocupada com o futuro deste serviço.
Alegadamente, é eminente o encerramento da maternidade devido à falta de um pediatra em permanência na obstetrícia (e à recente exigência formulada por alguns obstetras nesse sentido) e à baixa taxa de ocupação do serviço (a este propósito recordo as declarações, tornadas públicas na TVI, proferidas pelo Dr. Fernando Andrade).
Quanto à primeira questão parece-me que a reivindicação é legítima, justa e deontologicamente aceitável, contudo, tenho dúvidas se é oportuna dada a conhecida falta de pediatras. Na verdade, no caso do Hospital de Sousa Martins, a maternidade funcionava ate há bem pouco tempo com um pediatra de prevenção. Acresce que o serviço de pediatria não dispõe de um número suficiente de médicos para disponibilizar um em permanência noutro serviço, sendo este facto sobejamente conhecido da Ordem dos Médicos e dos profissionais. É também do conhecimento geral que há uma quase incontornável falta de pediatras a nível nacional e uma dificuldade acrescida do Hospital da Guarda e da própria cidade em cativar os poucos profissionais existentes e em fixá-los.
Quanto à segunda questão, parece-me que o referido Dr. Fernando Andrade e a tutela erraram na justificação apresentada à população porquanto a taxa de ocupação do serviço, no que se refere ao número de partos realizados, é notoriamente elevada. Sabe-se que os investimentos realizados noutros hospitais têm que ser rentabilizados e que há um desejo (contido apenas por razões políticas) em centralizar os serviços prestados por alguns hospitais. No meio disto tudo só não percebo porque, no caso da Guarda, se fala, discute e promete um hospital novo.
Resta-nos pressionar as entidades com competência na matéria para que o fecho da maternidade não venha a ser uma realidade.
Por: Paula Camilo
