O meu desejo neste regresso seria ver mudar as lideranças que me atormentam. Ninguém me arrelia por ser trabalhador, por ser interessado, por ser dedicado. Ninguém me enerva por ser educado, por falar baixo, por atuar com moderação. Eu abomino a sobranceria, o culto do eu, a vaidade convertida carne e feita gente. O meu desejo era ver mais reformas, perceber que metade dos tipos que não cumpriram com as suas funções se retiravam, a outra metade era demitida. Demitir é um gesto que me gostava de permitir. Demitir o diretor da DGS, o presidente da IGAS, o presidente de CA do meu local de trabalho. Depois gostava de ir incógnito e de surpresa a todas as Fundações, entrar em Ministérios e em esquadras de polícia e quartéis. Eu gostava de penetrar instituições, perfurar as Parcerias Público Privadas, visitar escolas e hospitais, perguntar sobre as performances e as causas delas. Perceber quem usou o poder em seu benefício, quem utilizou os meios de vigiar para apagar desvios e farsas. O meu desejo no regresso de férias é ser um rolo compressor das ignomínias, das universidades que não abrem a 15 de setembro, das que não têm atividades letivas após 1 de outubro, das que vivem de vendas de cervejas. Após férias quero perceber os donos de casas vazias e a desmoronar os centros históricos. Quero ver uma nova gente a construir e a ser premiada por fazer, a ter apoios por ter tido iniciativas, a ser empurrada em mais e melhor desporto. Após férias gostava que nos aproximássemos da Grécia, da Holanda e da Hungria em medalhas de ouro, em campeonatos do mundo, em prémios Nobel quer literários quer científicos. O reconhecimento da nossa música, da nossa pintura, da nossa criatividade merece um esforço depois deste descanso. Admiração por todos os que perseveram e tentam na adversidade é o meu lema depois das férias.
Por: Diogo Cabrita