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Adeusinho

Quebra-Cabeças

Assisto aos discursos de encerramento do debate sobre o Orçamento Geral do Estado para 2005. PS e PSD acusam-se reciprocamente de incompetência, sugerem que o governo do outro foi muito pior do que o próprio. Talvez tenham ambos razão, se atendermos ao facto de que se dedicaram ambos, quando no governo, a governar mal em assuntos diferentes. Os números aí estão, revelando que vamos perdendo terreno em relação aos outros países da União em todos os indicadores importantes.

Posto isto, não deverá haver portagens na A23 ou na A25 (ler, sobre o gravíssimo erro que o governo se preparava para cometer, as declarações de Matos Viegas, administrador-delegado da Scutvias, em http://www.kaminhos.com/artigo.asp? id_artigo=688&id_seccao=4). Se o novo governo se preocupar um pouco mais com os interesses das populações e um pouco menos com os lucros das Sociedades Anónimas que vão gerir os hospitais, vai haver marcha-atrás na proposta de encerramento de maternidades.

É claro que vai ter de haver um orçamento rectificativo, que o deste governo iria ficar-nos muito caro e partia, aliás, de premissas que se sabia à partida serem erradas, como sendo os números relativos à inflação, ao crescimento da economia e à evolução do preço do petróleo. Isto se não levar pura e simplesmente o veto presidencial, que seria a solução mais simples e mais barata para o país.

Apesar da satisfação por “esta coisa” ter chegado ao fim, sinto-me um pouco envergonhado. Nas últimas semanas viram-se coisas pouco próprias de uma democracia do primeiro mundo. Viu-se um ministro demissionário chamar mentiroso ao chefe do governo. Viu-se este chamar mentiroso ao Presidente da República, revelando supostos pormenores de uma conversa no Palácio de Belém. Vê-se agora o aparelho do PSD fazer o discurso da vítima, passando uma conveniente esponja sobre os últimos quatro meses.

Vamos então para eleições. Em comentário final, como no futebol, diria que o jogo foi muito mau, embora por vezes divertido, e que ainda bem que acabou. Adeusinho.

Por: António Ferreira

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