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ADAG multiplica área ardida do distrito por dois

Existem pessoas que perderam tudo não só com os incêndios, mas também com o sol e o calor, e que não vão ser indemnizados

A Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG) está apreensiva com as consequências dos incêndios e da vaga de calor que afectou o Centro do país nas últimas semanas. António Machado, presidente da associação, explica que se perderam «muitos pomares, olivais, vinhas e florestas, que ficaram completamente destruídas, não só com os incêndios, mas também pelo sol e o excesso de calor». No entanto, haverá situações ainda mais preocupantes, como pessoas que «não têm sequer para comer e ficaram sem qualquer meio de subsistência», revelou o responsável da ADAG à saída de uma reunião com o Governador Civil da Guarda na terça-feira.

António Machado aproveitou a ocasião para salientar o facto das seguradoras cobrirem apenas alguns danos causados pela Natureza, nomeadamente os prejuízos causados pelas geadas e granizo, o que deixa de fora os danos causados pelo calor e pelo sol. Quanto às medidas decretadas pelo Governo para os distritos considerados áreas de calamidade pública, o dirigente não se mostra muito contente, admitindo serem medidas «urgentes, insuficientes, que abrangem apenas gado que tenha morrido carbonizado e alfaias agrícolas, ficando de fora os pomares queimados pelo calor do sol». Deixa então um alerta e um aviso ao Governo e seguradoras: «Se não mudarem as suas ajudas, os agricultores não têm outro remédio senão desistirem», alerta António Machado, revelando existir outra consequência ainda mais grave. «As aldeias vão ficar cada vez mais desertas e as pessoas vão procurar outros meios de subsistência fora da região e até do distrito», garante.

No que diz respeito aos prejuízos conhecidos até agora, António Machado refere que, até ao momento, ainda não é conhecida com exactidão toda a área ardida, mas tem uma certeza: «Não são 15 mil hectares de florestas que arderam, eu multiplicava esse valor talvez por dois ou ainda mais, mas mesmo assim não sei se seria já o valor exacto de área ardida», receia. O responsável dá uma justificação para essa possibilidade, considerando terem-se queimado vinhas, pomares, florestas, olivais «e isso não está ainda nos valores adiantados pela Direcção de Florestas». Em relação aos enormes incêndios que afectaram o distrito e a Serra da Estrela, António Machado diz-se consternado adiantando que «se isto continua assim, não tarda nada não temos floresta». Para o Governo, António Machado deixou algumas sugestões, tendo solicitado mais investimento na prevenção dos fogos, «é mais fácil e barato», e, porque não, um helicóptero «permanentemente» no ar. No que diz respeito às medidas que o Governo Civil já garantiu, agradece, mas não está satisfeito «só vão pagar o gado que morreu queimado, e dar ajudas para a comida dos animais».

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