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Abraçar a mãe

Editorial

1. A TAP completou 72 anos a “voar” dia 14 de março. E, então, apresentou um programa para melhorar a empatia com os portugueses e a valorização de Portugal. A companhia aérea nacional deu então asas ao programa “De braços abertos” para «Abraçar Portugal» – uma iniciativa única, bonita, de valorização do país e que pretende recuperar a identidade da TAP como a transportadora aérea nacional, a companhia que tem sede em Portugal, que aqui paga os impostos, que no país compra os produtos que serve a bordo e onde trabalham onze mil portugueses. Uma companhia aérea de dimensão internacional, cujo coração está em Portugal a partir de onde voa para o mundo e que quer voltar a ter um lugar no coração dos portugueses.

“De braços abertos” é um projeto que pretende homenagear os portugueses e, neste contexto, a companhia aérea batizou os aviões TAP-Express (a empresa de linhas regionais), que deixam de ter nomes de pássaros para passarem a ostentar o nome dos distritos do continente e regiões autónomas. O próximos aviões a adquirir pela empresa poderão levar nomes de cidades.

Para promover estes laços de afetividade, a TAP «abraça a vida» «no dia da mãe». E celebrou no passado domingo esse dia oferecendo o batismo de voo à primeira criança nascida em cada distrito, à mãe e ao pai. Para isso contou com a colaboração da ARS e convidou o melhor órgão de comunicação social de cada distrito do país para implementar este gesto, genuíno e belo. No distrito da Guarda, elegeu o Jornal O INTERIOR como parceiro nesta iniciativa que abraçámos com indisfarçável satisfação e carinho. Portugal é demasiadamente pequeno para que os jornais tenham a veleidade de não colaborarem em desígnios tão grandes de empresas, como é o caso. E Portugal é tão grande que ainda tem empresas, como a TAP, e o Jornal O INTERIOR, que querem ser parte da construção de um país melhor, de um país mais moderno e otimista – e foi otimismo que levámos, nas asas da TAP, ao Bruno, que não nasceu no dia da mãe porque a Guarda foi o único distrito do país que não teve qualquer parto nesse dia, mas que foi a primeira criança a nascer depois do Dia da Mãe (e por isso se manteve a oferta). Daqui a um ano, o Bruno e a família irão voar no “Avião Guarda” e nós (O INTERIOR) iremos com eles para sermos testemunhas da felicidade que um pequeno gesto pode dar a uma família, num tempo em que a taxa de natalidade é tão baixa em Portugal, e em que o distrito da Guarda tem a taxa de fecundidade mais baixa da Europa. As prendas do kit que levámos à Maternidade da Guarda para ofertar à família Branquinho (da Mêda) são essencialmente simbólicas, mas também são uma contribuição, ainda que inesperada, para ajudar as famílias a não olharem para a natalidade como um problema, mas antes como uma felicidade, a felicidade de ter filhos, a felicidade da partilha e do amor. E que nós pudemos testemunhar esta semana com o nascimento de uma vida, de uma criança a quem desejamos toda a felicidade.

2. Em França, a vitória de Macron significou não apenas a derrota da extrema-direita, mas também uma esperança na renovação dos valores europeus, do futuro da Europa e do regresso aos valores basilares da República francesa da solidariedade, da fraternidade, da liberdade e da igualdade. Sim, porque ao contrário do que estranhamente analistas e comentadores dizem por aí, de Macron espera-se muito mais do que simplesmente o eleito que ganhou a Le Pen, espera-se capacidade para recuperar uma França decadente e reinventar a solidariedade europeia. Com otimismo, esperamos muito de França e do seu jovem presidente.

PS: Vasco Queiróz, médico e amigo, que foi colunista neste jornal entre 2005 e 2007, cedeu à doença e partiu. Neste momento de dor, um abraço solidário para a família, para os amigos (muitos) e para os pacientes (que eram também seus amigos).

Luis Baptista-Martins

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