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Abílio Figueiredo reabre processo da Escola Superior de Saúde

«Excesso de prudência» lesou interesses da escola e da região, alega director da Escola de Enfermagem da Guarda

A indefinição instalada no processo de conversão da Escola Superior de Enfermagem da Guarda (ESEnfG) em Escola Superior de Saúde ganha novamente expressão. Tudo por causa de um documento reivindicativo elaborado por Abílio Figueiredo, presidente do Conselho Directivo da ESEnfG, que pretende «relançar» o processo «não de uma forma isolada e fragmentada, mas antes concertada com as instituições da região e a comunidade científica», afirma. O texto, tornado público na véspera de Natal, faz a súmula das reuniões havidas com os responsáveis políticos e as instituições da Beira Interior ligadas à saúde e educação, no intuito de «concertar esforços e potencializar sinergias» para que a mais recente unidade orgânica do IPG possa ser transformada em Escola Superior de Saúde pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior.

A decisão de conversão, tomada em Assembleia de Escola no dia 11 de Janeiro de 2001, envolve não só o Instituto Politécnico da Guarda (IPG), mas também a Universidade da Beira Interior (UBI) e o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), numa perspectiva cooperante para a formação de profissionais na área da saúde. Passar da teoria à prática revelou ser a primeira e principal dificuldade de todo este processo, tanto mais que a concretização das decisões então acordadas foi «enviesada por uma avidez de competitividade» e pelo «discurso velho, gasto e anacrónico da interioridade», refere o presidente. O facto de as instituições envolvidas não terem articulado esforços levou ao apagamento do processo e possibilitou que outra instituição [Castelo Branco] se adiantasse: «Parecia que as instituições estariam num plano de igualdade, mas era já definitivo que uma escola fora convertida, numa decisão relâmpago, e outra escola simplesmente fora deixada à sua sorte», recorda Abílio Figueiredo, para quem esta «sorte» também foi ditada por um «défice de vinculação e empenhamento das “forças vivas da nossa região”». Insinua a este propósito as declarações da deputada social-democrata, Ana Manso, proferidas em Julho deste ano, quando disse que a Guarda «não teve, nem terá, escola superior de saúde por se encontrarem satisfeitas todas as necessidades de formação de técnicos nas áreas das tecnologias da saúde».

Abílio Figueiredo não percebe «a filosofia de quem decide» e adianta que o «excesso de prudência, lesivo dos interesses da Escola e da região», revela que os portugueses «não são tratados da mesma forma, nem com a democraticidade que é devida». Mesmo com este «impasse», todas as instituições envolvidas no processo de conversão da ESEnfG, estão «disponíveis» e «solidárias» para cooperar com a escola, nomeadamente no que respeita aos recursos humanos e disponibilização de estágios em áreas com necessidades prioritárias, como é o caso de Farmácia, Radiologia e Anatomia Patológica. «Não há divergências», garante Abílio Figueiredo, sublinhando que, desta vez, estão asseguradas todas as «garantias políticas, económicas, culturais, profissionais e de desenvolvimento global». Espera agora que a ESEnfG possa agarrar esta oportunidade para que a factura a pagar «não seja demasiado pesada e resulte na incapacidade de concretizar um projecto credível para o desenvolvimento, formação pessoal e profissional dos jovens». O apelo final vai para as instituições da região que apoiam o projecto da escola para que «façam valer as vantagens e benefícios», para a região e para os jovens interessados nos cursos da área de saúde, junto da ministra da Ciência e Ensino Superior e junto do Governo. Entretanto, na última sessão do executivo, a Câmara da Guarda deliberou pedir uma reunião com a Ministra da Ciência e Ensino Superior sobre este assunto.

Marisa Morais

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