Arquivo

Abílio Curto não gostou de elogios de Maria do Carmo

Ex-autarca fala em «apetites de traição» nos tempos em que liderava a autarquia

«Não fiquei chocado por ter ouvido esta declaração. Era bem melhor que, no tribunal, não tivesse tido a amnésia que teve e não foi capaz de dizer praticamente nada». É desta forma contundente que Abílio Curto reagiu ao elogio público feito por Maria do Carmo Borges na semana passada na convenção autárquica do PS realizada em Manteigas.

Nessa ocasião, a actual Governadora Civil da Guarda disse: «Toda a gente me ouviu sempre dizer a mesma coisa, o que é da vida pessoal do Abílio Curto é da vida pessoal do Abílio Curto. O que eu aprendi enquanto autarca com Abílio Curto, eu aprendi e portanto tenho de o dizer». Uma semana depois, no programa “Politicamente incorrecto” da Rádio Altitude, transmitido na última segunda-feira, o antigo presidente da Câmara salientou que «nunca atropelei ninguém para estar onde estou e para ter estado onde estive», acrescentando que «há muita gente que não pode dizer o mesmo». «As pessoas finalmente ouviram dizer, tarde, mas a tempo, que enquanto autarca que aprendeu muito com o Abílio Curto. Mas houve coisas que o Abílio Curto não lhe ensinou», assegurou. E exemplificou de seguida que foi «um apoiante incondicional de Mário Soares» e que só apoiou «outra pessoa», Jorge Sampaio.

«Eu não andei a apoiar salta-que-salta, salta-que-salta…. Eu até poderia ter sido ministro do Governo de António Guterres e não fui porque me mantive fiel a Jorge Sampaio. Mas há pessoas que navegam conforme a onda e a corrente», reforçou, garantindo que «isso não ensinei a ninguém». Recordando que já tinha tomado a decisão de não se recandidatar, recordou que a sua vida autárquica terminaria em 1997, «provavelmente em finais de 96, inícios de 97 teríamos de escolher o sucessor que o PS entendia que podia continuar a obra. Isso, provavelmente, fez despertar apetites de traição, porque eu também talvez tenha confiado demasiado nas pessoas e foi desencadeada esta tempestade sobre a minha vida que as pessoas conhecem muito bem», declarou Abílio Curto.

O antigo presidente da edilidade lamentou ainda que, passados 14 anos, tenham acontecido «casos gravíssimos e impensáveis em democracia e as pessoas continuam “na boa”». Questionado se via os elogios de Maria do Carmo como uma tentativa de aproximação das famílias socialistas da Guarda, Abílio Curto foi mais uma vez corrosivo na resposta: «Não estou nem perto, nem longe. Não me caem, nem a ela lhe devem cair “os parentes” na lama por estar ao lado da minha camarada Maria do Carmo Borges. Se ela provavelmente se sente incomodada com a minha presença a questão já não é minha. Não há aproximação, nem distanciamento. Há aquilo que é», reforçou.

Abílio Curto não gostou de elogios de Maria
        do Carmo

Sobre o autor

Leave a Reply