A Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro abriu um concurso de recrutamento de médicos, com a especialidade de medicina geral e familiar, para 12 Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), entre os quais está o da Cova da Beira. São quatro as vagas disponíveis para o ACES dirigido por Manuel Geraldes, que nos últimos meses tem vindo a alertar para o problema da falta de médicos de família nos concelhos da Covilhã, Belmonte e Fundão – situação que se vem agravando desde o ano passado devido a 14 pedidos de reforma.
O concurso, publicado na última segunda-feira em “Diário da República”, está a aberto durante 10 dias úteis, e destina-se a profissionais de saúde que concluíram o internato médico na segunda época deste ano. «A abertura destas quatro vagas é uma oportunidade para minimizar o problema», afirma o director do ACES da Cova da Beira, para quem esta «é uma boa notícia». É que, como noticiou O INTERIOR no mês passado, este agrupamento deveria ter 71 médicos de família, de acordo com as directivas do Ministério da Saúde, mas tinha apenas 60 em Janeiro do ano passado e 54 no início deste ano, temendo-se que fique em breve reduzido a 45. Apesar de se mostrar satisfeito com o concurso, Manuel Geraldes constata que as quatro vagas «são insuficientes face à actual situação que se vive», pelo que espera que «possam abrir mais futuramente».
Recorde-se que no último concurso de recrutamento de médicos promovido pela ARS do Centro a única vaga destinada ao agrupamento de Centros de Saúde da Cova da Beira não foi preenchida, por falta de candidatos. Manuel Geraldes espera que o mesmo não venha a acontecer agora e adianta que a intenção «é colocar dois dos novos profissionais de saúde no Fundão, um na Covilhã e outro em Belmonte», para exercerem funções a partir de Outubro. «A ARS do Centro tem manifestado grande apoio e compreensão face ao problema da falta de médicos na Cova da Beira», assegura Manuel Geraldes, ao revelar que decorreu uma reunião há três semanas, na qual estiveram também profissionais de saúde já aposentados, onde a problemática foi abordada. Na sequência desse encontro, «dois dos três médicos que se reformaram este ano ponderam continuar connosco, através de contrato», afirma.
Este responsável explica que os contratos podem ser «de um ano e até três anos», sendo que «ficam exactamente com as mesmas condições que tinham antes da aposentação». Além disso, «a ARS do Centro está a desenvolver esforços para recuperar a tal vaga que não foi preenchida no último concurso», diz ainda o director do ACES da Cova da Beira. No total, este agrupamento serve actualmente uma população de mais de 100 mil pessoas. No ano passado houve seis clínicos a saírem, cinco por aposentação e um por exoneração, sendo que este ano há nove pedidos de reforma. A actual situação levou o Conselho da Comunidade deste ACES a enviar à ministra da Saúde, no mês passado, um ofício a reivindicar «medidas urgentes» para resolver o problema. Na mesma altura, a Assembleia Municipal da Covilhã aprovou por unanimidade uma moção, que enviou também para o Ministério da Saúde, a reclamar mais médicos. Os outros ACES da Região Centro contemplados neste concurso são os do Baixo Vouga (I, II e III), Baixo Mondego (II e III), Dão Lafões (II e III), Pinhal Interior Norte (I e II) e Pinhal Litoral (I e II), para onde abriu um total de 20 vagas.