Quatro anos após a primeira pedra, a A23 – Auto-estrada da Beira Interior entra amanhã na recta final da construção com a inauguração do segundo túnel da Gardunha. Esta cerimónia deverá ser, aliás, a última a ser efectuada no âmbito da A23, uma vez que o acesso Norte à Covilhã também já está concluído, estando a sua abertura ao trânsito prevista para o início da próxima semana.
Com uma extensão de 1,6 quilómetros e duas faixas de rodagem em cada sentido, a nova galeria será paralela ao túnel que já se encontra em funcionamento desde 1997 e vai possibilitar um maior descongestionamento do tráfego, com um ligeiro aumento de velocidade e uma «maior segurança» aos condutores e passageiros, acredita Matos Viegas, administrador delegado da Sctuvias – empresa concessionária da A23. Para este responsável, a inauguração do segundo túnel da Gardunha é «uma grande satisfação» e um «motivo de orgulho», não só porque a Scutvias terminou a obra «dentro do prazo previsto [fim de 2003]», mas porque a empresa enfrentou «grandes problemas» para poder levar a obra avante, relembra, evocando os problemas geológicos do terreno provocados por uma falha que atravessa a Serra da Gardunha. «Fizemos cerca de 1.400 metros para o lado Sul, enquanto que pelo lado Norte apenas fizemos 180 metros», sustenta Matos Viegas. Durante esta semana, os túneis, que custaram cerca de 50 milhões de euros, foram alvo de testes de equipamento e abrirão em pleno ao trânsito a partir de sexta-feira.
Também a partir de «segunda ou terça-feira», os condutores poderão deslocar-se à Covilhã através da ligação Norte, que sairá junto ao Parque Industrial do Canhoso. Trata-se de uma via com apenas duas faixas de rodagem (uma em cada sentido), que sofreu «vários contratempos ambientais». Mas contrariamente ao que se temia, o acesso Norte à Covilhã ficou concluído este ano. A partir de agora, a Scutvias vai apenas centrar-se na manutenção da via, cuja concessão foi aceite por 30 anos, prestando assistência aos utentes da auto-estrada e fazendo as reparações necessárias dos troços. «Temos reparações para fazer e vamos fazê-las. Resta saber quem as pagará», adianta Matos Viegas, achando «injusto» ser a Scutvias a pagar as reparações quando as estradas foram entregues «em mau estado». Acérrimo defensor de uma A23 sem portagens, Matos Viegas não estranhou o anúncio feito pelo Conselho de Ministros há duas semanas. «Era impossível manter portagens reais em funcionamento na A23», garante, até porque implantar portagens neste momento acarretaria «custos elevadíssimos» à concessionária. No entanto, o administrador não nega que, se a região estiver «bem desenvolvida economicamente», as portagens reais poderão vir a ser cobradas daqui a uns anos. «Mas é apenas uma possibilidade que não é para ser considerada nos próximos dez ou quinze anos», tranquiliza.
Liliana Correia