Arquivo

«A vossa má gestão faz de mim melhor do que sou»

Afirmou Álvaro Amaro na última Assembleia Municipal da Guarda

Na Assembleia Municipal da Guarda da última quinta-feira houve algumas confissões.

A primeira foi de Álvaro Amaro: «A vossa [do PS] má gestão facilita-me a vida, até faz de mim melhor do que sou», declarou a propósito da intervenção de João Pedro Borges sobre a segunda revisão dos documentos previsionais de 2014. O socialista tinha acabado de criticar duramente esta proposta que corrige «em três milhões de euros» o Orçamento em vigor. Ou seja, houve «um erro de previsão» das receitas, nomeadamente nas transferências dos projetos cofinanciados, «que passou de 2,9 milhões para 1 milhão». João Pedro Borges referiu ainda que este ano a autarquia «amortizou menos 2,2 milhões de euros de dívida aos bancos» e denunciou que a Guarda «vive num estado de euforia irreal proporcionada por uma estratégia de festas para distrair os guardenses dos verdadeiros problemas do concelho».

O presidente do município não gostou e respondeu que «a vossa gastança é que era a festa», acrescentando que prefere chamar «eventos para estimular a economia» às festas criticadas pelo deputado socialista. Quanto à correção das receitas, Álvaro Amaro adiantou que «não há uma relação direta entre os fundos comunitários e o seu recebimento, isto é gestão orçamental, é só isso». De resto, aproveitou a intervenção de João Pedro Borges para acusar o PS de ter «destruído a credibilidade» da Câmara da Guarda junto do Tribunal de Contas e das Finanças por causa «das baixas taxas de execução dos seus Orçamentos». Nesta sessão, o edil revelou ainda que a tenda da “Guarda, Cidade de Natal” vai custar 27 mil euros e que a animação e publicidade do evento está orçada em 60 mil euros.

O caso da dispensa de Elsa Fernandes quase passava despercebido não fosse Álvaro Amaro falar do assunto. Sem nunca referir o nome da visada, o edil repetiu o que disse a O INTERIOR (ver última edição) e acrescentou que «se o tribunal decidir que não deve ser dispensada, a trabalhadora em causa será reintegrada». A propósito deste assunto, o presidente do município adiantou que já saíram do grupo Câmara Municipal 48 funcionários por falecimento, aposentações, rescisões e não renovação de contratos a prazo. Nesta sessão, as propostas de acordos de execução para a concretização da delegação legal de competências nas Juntas de Freguesia e dos recursos a afetar para o efeito foram aprovadas por larga maioria. A Junta da Guarda absteve-se para mostrar a sua «indignação» por ter sido excluída destes apoios.

Mas estava reservado para o final da AM, que durou cerca de seis horas, o momento mais comprometedor para Álvaro Amaro. Discutia-se a proposta de Regulamento Municipal de Atribuição de Apoios às Associações Culturais e Desportivas quando Bruno Andrade (BE) e Helena Rodrigues (CDU) chamaram a atenção do executivo para determinado ponto do regulamento fazer referência à Câmara de Gouveia e não há da Guarda. «A sua experiência enquanto presidente da Câmara de Gouveia é transcrita integralmente para este documento», ironizou a eleita da CDU. Confrontado com a “gaffe”, Álvaro Amaro considerou o caso «um descuido inaceitável» dos serviços e acrescentou que este regulamento – que foi aprovado com 66 votos, duas abstenções e sem votos contra – resulta de «boas experiências, como as de Gouveia e Leiria».

Sobre o autor

Leave a Reply