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A visita de Sua Excelência o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde

Coisas…

A duas semanas das eleições o conselho de administração do hospital de Sousa Martins decidiu converter-se à cultura. Para tal, organizou não uma mas duas exposições de fotografia que decidiu espalhar por alguns corredores do hospital, emitindo no próprio dia uma Circular Informativa (a nº 5/2005 para ser mais preciso) na qual recomendava a todos os funcionários a sua visita, acrescentando que teríamos ainda o grato prazer de contar com a presença de Sua Excelência o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde para a sua inauguração.

De facto, não havia passado despercebido o esforço que alguns funcionários faziam para dar uma limpeza a chãos e paredes, pendurar umas fotos a preto e branco e conferir um ar mais bonito aos espaços por onde, horas mais tarde viria a passar Sua Excelência.

Tornou-se evidente para todos que a visita da tal Excelência, a ideia de arranjar à pressa uma exposiçõezitas, o facto de serem todos do PPD e de as eleições serem daí a duas semanas, não passavam de uma série de coincidências que só os mais malévolos poderiam associar a qualquer outro tipo de manobra. Malvados.

Acontece porém que entre esses malvados se encontrava um médico, de seu nome Henrique Fernandes, que, por coincidência, havia meses antes escrito uma carta ao mesmo governante que agora visitava o hospital: o Sr. Antão, pois então! Como o Dr. Henrique não havia obtido resposta à sua carta e, para além disso tinha enterrado para cima de um dinheirão em equipamento para o serviço onde trabalha, não pensou duas vezes: decidiu, de improviso, abordar o Excelentíssimo Secretário de Estado, em plena inauguração de exposições fotográficas, e convidá-lo a visitar de seguida o serviço de oftalmologia.

O problema é que o dito Antão não tinha vindo à Guarda para se preocupar com serviços hospitalares carenciados; a vinda dele tinha apenas que ver com cultura e vai daí, recusou o convite do médico “acusando-o”, pasme-se, de estar ali a fazer política. Acto contínuo, meteu o rabiosque entre as pernas e… ala que se faz tarde. Azar. Os jornalistas ficaram para trás muito mais interessados em ouvir o que Henrique Fernandes tinha para dizer.

Resumindo a coisa dir-se-á que este tiro social-democrata saiu bem pela culatra, não apenas à tal Excelência, mas sobretudo às outras excelências que tanto trabalho tinham tido a organizar umas mostras de fotografias a duas semanas das eleições.

Quem mais perdeu então com a coisa? Poderia apostar-se no tal Antão, que acabou por vir à Guarda em vão. Ou nos mosqueteiros do conselho de administração cuja súbita conversão à cultura foi sol de pouca dura. Ou ainda na Dra. Ana Manso que deve ter encomendado o frete ao Antão e à Garção e acaba com manchetes hostis nos jornais do dia seguinte. Mas no fundo, no fundo, quem perdeu fomos todos nós que tivemos que aturar mesmo até ao fim esta gente cujo reinado vai acabar já ali, Domingo que vem.

Graças a Deus!

Por: António Matos Godinho

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