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“A vida inspira-nos” *

MENTIRIORIDADES

Brilhantes, as mensagens de alguns dos candidatos a estas eleições. É a paixão total. Mas porquê só de quatro em quatro anos? E, onde vai ficar a paixão daqueles que não vão ganhar? Porque será que esses se esquecem da paixão quando perdem. Ou a paixão só serve para conquistar o poder? Mas, o mais intrigante é, o facto das mensagens que hoje nos aparecem, todas dizerem exactamente a mesma coisa. Isto quer dizer que todos os candidatos estudaram pela mesma cartilha – pelos vistos, viciada – isto quer dizer que não vai haver nada de novo. Não existe uma ideia inovadora. Perdão; para a estação Outubro 2005/Outubro2009 a moda é a construção de Pavilhões Multiuso. Não se perspectiva um plano para o futuro – para um prazo de pelo menos 20 anos. O atraso em relação a outros municípios que já é enorme, vai-se manter. Vê-se mais do mesmo. Gestão eleitoralista. No entanto, e que para que este estado de coisas se mantenha, estes candidatos precisam do povo, é então que surge esta súbita paixão.

É com interesse que tenho lido neste jornal, as respostas às perguntas colocadas pelos jornalistas a todos os candidatos. E verifico aspectos muito interessantes, todos detectam os mesmos problemas em cada um dos seus concelhos. Os que estão na oposição, falam de falta de visão estratégica, mas se neles votarem é que vai ser, vamos “ver” todos melhor estrategicamente. Aqueles que se recandidatam, dizem que agora é que é, pois só eles estão por dentro dos “dossiers” e das necessidades dos seus munícipes. Todos descobriram agora o mesmo filão – o turismo – é este que nos vai salvar de todos os males. Todos descobriram agora que nos seus municípios existem zonas industriais e, que com estas devidamente aproveitadas, ou melhor com um plano de visão estratégico, vamos conseguir atrair tecido empresarial, fixar agentes económicos, fixar população, fixar os jovens – também se lembraram agora que existem jovens nesta região –, mas já esqueceram as empresas que pelos mais diversos motivos encerraram e, nessa altura estes mesmos políticos nada fizeram para que tal não viesse a acontecer. Mas agora, vamos apagar tudo. Faz de conta que nada disto aconteceu. Foi tudo uma brincadeira. Tipo; tinhas trabalho, não tinhas, mas era a brincar. Agora é a sério. Portuguesas e Portugueses bem vindos ao paraíso; bem vindos ao Interior.

Temos ainda nesta sequência de entrevistas, uma série de respostas muito originais. A do candidato do não, ou seja, “não responde, nem levanta a ponta do véu porque ainda não é altura, porque existe uma estratégia de marketing” – não diz de que tipo –, provavelmente a do Marketing do Véu.

Porque gosto de ter certezas e, evito a ignorância, tive o cuidado de procurar o significado dos vocábulos; ponta e véu, no dicionário Houaiss, onde encontrei o seguinte: Ponta ” … o principio ou fim de uma série de coisas, … pequena porção de qualquer substância reduzida a pó, pitada, …. Véu “…aquilo que serve para ocultar, envolver ou encobrir algo, … qualquer coisa que serve para camuflar ou ocultar um facto, …”. Sobre a definição do termo marketing não me preocupei, porque é uma palavra que qualquer um sabe o seu significado, como por exemplo jaaraboá, são palavras que já fazem parte do nosso léxico comum. Mas, aquilo que deixa mais sossegados os leitores deste nobre título da imprensa regional, foi a certeza que ficou por parte deste candidato que enviará “por fax ou e-mail” – e-mail, outra palavra do nosso léxico comum – as pitadas de algo que por agora não existe, e já lá vão cerca de 4 meses, desde que se apresentou e juntou ao povo para o servir.

Não posso meter nesta bolsa, a candidatura do meu grande amigo Daniel Gil, porque dele sei que quer tudo menos o poder pelo poder. Tem ideias inovadoras, algumas utópicas, mas tem algo que os outros não têm; coragem. Coragem porque ele mais do que ninguém acredita nos jovens deste concelho. Coragem porque não tem medo de denunciar aquilo que ele entende estar mal. Todos tivessem a tua coragem Daniel.

Para que fique registado, comecei a escrever estas crónicas quando ainda me posicionava como candidato à presidência da Câmara Municipal de Figueira. Na próxima crónica vou falar sobre as razões da minha renunciação.

* Campanha publicitária de um grupo bancário português.

Por: José Parcerias

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