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A verdade na ilusão

Opinião – Ovo de Colombo

Magia, humor, aventura e uma dose muito grande de ilusão! Três anos depois da vingança de Dylan Rhodes (Mark Ruffalo), os Cavaleiros estão de volta com a sequela “Mestres da Ilusão 2” (2016). Se acham que o grupo foi bem-sucedido, pensem outra vez, pois, qual truque de magia, tudo não passou de uma ilusão. E a verdade esteve à nossa frente o tempo todo.

Thaddeus Bradley (Morgan Freeman) está preso, mas a sua sede de vingança não tem limites. Os Cavaleiros têm-se mantido na escuridão, mas o ex-jornalista está desejoso por um reencontro – e não é o único. O FBI e um novo elemento em jogo também estão dispostos a tudo para forçar um regresso do afamado grupo, que saiu entre aplausos após mais uma missão cumprida. Por sua vez, a organização misteriosa que os comanda parece ter objetivos ocultos e, como seria de esperar, nada é o que parece.

Contas feitas, sai Isla Fisher e entra Lizzy Caplan: a atriz, que tem feito sucesso na série “Masters of Sex”, é agora o elemento feminino entre os talentosos mágicos. Já na realização, John M. Chu sucede a Louis Leterrier e, ao que tudo indica, será também ele a dirigir o terceiro filme da saga, entretanto já anunciado. Daniel Radcliffe troca a magia heroica de “Harry Potter” pela vilania neste filme, sendo uma agradável surpresa a juntar a um elenco já de luxo.

Como sabemos, a magia e o cinema são dois mistérios queridos do grande público. Juntar a dupla no grande ecrã tem tudo para ser um sucesso, mas, tal como o mágico que usa e abusa dos mesmos truques, também a insistência na ilusão e no que está por detrás desta tem tendência a cansar o espectador. A receita é sempre a mesma: faz-se o truque, engana-se toda a gente e depois percebemos como tudo aconteceu. Aliados à modernidade e fazendo uso de ferramentas apetecíveis como as redes sociais, os temidos Cavaleiros têm o mundo a seus pés, mas as constantes fugas são cada vez mais inverosímeis.

Nem tudo o que existe no cinema tem de ser verdade, é certo. Mas tem que nos vender a ilusão de que, numa realidade próxima ou distante, poderia acontecer. A saga dos Cavaleiros, que no primeiro filme surpreendeu pela sua irreverência, arrisca-se a ser agora um mero trunfo de bilheteira, cujo único propósito é vender até cansar o público. Porém, a julgar pelos recordes de bilheteira amealhados, nomeadamente na China, isso está ainda longe de acontecer.

Sara Quelhas*

*Mestre em Estudos Fílmicos e da Imagem pela Universidade de Coimbra

Sobre o autor

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