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A urgência do Hospital de Portimão

Saliências

Um amigo dirige o sector clínico do Hospital do Barlavento Algarvio inaugurado há três anos. È uma unidade hospitalar que se debate com grandes dificuldades, sobretudo com a variação de população que caracteriza o Sul de Portugal. A estrutura física do Hospital é um monumento à incompetência dos serviços de construção do Estado.

Imagine-se que a urgência está tão mal feita que a sala de sutura está a setenta metros da inscrição. Passeamos o sangue pelos corredores e oferecemos ao doente a visão das macas ocupadas dos infelizes da véspera. Os internamentos estrangulados pelo enorme fluxo actual não respondem à sala de observações que agora ocupa os corredores em volta. Também estão encerrados os internamentos que dariam apoio a alguns casos sociais e médicos. Silves tem um internamento pronto, mobilado, mas a Sub-região/ARS prefere pagar à Misericórdia.

Lagos é um Hospital de duvidosa necessidade no contexto algarvio e por essa razão poderá fazer parte do lote dos que acabarão por desaparecer em prol da melhor gestão de recursos na região, encaminhando gente para o HBA. Mas o mais grave é realmente estarmos perante um serviço de Urgência que vai ter de ser todo re-estruturado depois da inauguração. Não se ouviram os doentes, não se pediram contributos a outros profissionais, não se cruzaram contribuições, não se escutaram técnicos, não se mediram fluxos, não se percebeu a dimensão da obra. Este é um caso exemplar da destruição dos dinheiros públicos por entidades do Estado. Quem fez a obra? Porque não se responsabiliza deste erro quem tão mal geriu e realizou?

O amigo Pedro Quaresma debate-se pois com uma tarefa fascinante e enorme. Mudar a estrutura, alterar o método, modernizar o pensamento, atrair os actores da casa à mudança, arranjar recursos em período de escassez, encontrar parceiros credíveis nas instituições, como por exemplo nas decisões da ARS, que devem ser sinérgicas e não contrarias às do H. do Barlavento Algarvio. Depois há aquela coisa de trazermos turistas para lugares onde não temos saúde suficiente e com a qualidade necessária. A maior burla que os estrangeiros gostariam de desmistificar. Oftalmologia não todos os dias mas só até Às três. ‘Psiquiatria na segunda e quarta. Neurologia três vezes por semana. Haja Deus.

Boa sorte para os amigos Luís Pereira e Pedro Quaresma. Os médicos precisam de vós e os doentes mais ainda.

Por: Diogo Cabrita

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