P- 723 alunos em 1.145 vagas disponíveis é um número que o satisfaz?
R- Não. É claro que desejava que tivessem entrado mais alunos e tivéssemos preenchido a totalidade das vagas. A UBI não ficou muito bem colocada, mas temos que ter em atenção o número de candidatos a nível nacional e os condicionalismos que a universidade impõe nos cursos das áreas de Engenharia e ciências exactas. E aqui há uma questão de fundo que se vem arrastando ao longo dos anos, que é o afastamento dos alunos de áreas tão importantes como a matemática e as físicas.
P – Esperava uma maior adesão dos alunos, sobretudo quando a UBI está a oferecer prémios de mérito escolar?
R – A divulgação destes prémios não se faz num ano. A realidade é que houve uma proliferação de cursos de Engenharia a nível nacional e, por outro lado, há uma falta de alunos que não vêm para essas áreas. Hoje, os estudantes vão para as áreas da saúde e das ciências sociais e humanas.
P – A imposição da nota de ingresso de 9,5 valores limitou o número de alunos na UBI?
R – No caso da UBI não há qualquer limitação porque já estavamos a praticar os 9,5 valores. O problema é que o número de candidatos diminuiu a nivel nacional e, além disso, a UBI tem provas de ingresso um pouco mais restritivas que nas restantes universidades e politécnicos. Por isso, a nossa exigência de qualidade penaliza-nos um pouco na captação de alunos para os cursos de engenharia.
P – Quais as suas expectativas para a sergunda fase de ingresso?
R – Espero preencher ainda algumas vagas e que haja alunos colocados noutras instituições a concorrer para a UBI.
P – Os cursos em que não entraram alunos ou que tiveram poucos candidatos poderão encerrar?
R – Neste ano lectivo terá que haver uma reflexão significativa da adpatação dos cursos ao Processo de Bolonha e, no âmbito dessa reestruturação, temos que pensar muito bem o que iremos fazer para todo o ensino superior. Esperemos que possa haver uma reflexão profunda sobre este assunto e ter algumas directivas para as formações nas diferentes instituições de ensino superior.
P – Mas o que deveria ser feito?
R – Primeiro, deverá haver uma reflexão a nível nacional sobre a capacidade de meios humanos qualificados e na estrutura de acolhimento, que permita o desenvolvimento de actividades de investigação e de ensino. Analisada essa capacidade, julgo que não haverá outra opção senão fechar um conjunto de cursos no país que não têm candidatos. Isso é uma realidade, mas não quer dizer que essas áreas não continuem a desenvolver investigação. Contudo, terá que haver uma concentração de massa crítica nalgumas instituições. É evidente que não há candidatos para o conjunto de cursos que abriu a nível nacional, nomeadamente nas áreas das ciências exactas e das engenharias, mas não podemos deixar de ter formação em matemática e física. Esta questão tem que ser devidamente analisada e ponderada, e alguma coisa terá que se fazer nos ensinos básico e secundário. Acredito também que haveria um maior número de candidatos se aumentássemos a escolaridade obrigatória para o 12º ano. Somos dos poucos países da Europa em que a escolaridade obrigatória se fica pelo 9º ano.
P – Que cenário perspectiva para os próximos anos?
R – Provavelmente, teremos que fazer uma reorganização nas áreas de formação e os docentes terão que se associar a unidades de investigação que possam aumentar a nossa produtividade científica. No que respeita aos aspectos pedagógicos, a UBI continuará com a política de introdução de novas metologias. Julgo que não estamos mal colocados quanto a infraestruturas e meios disponibilizados aos alunos. Por isso estou optimista, até porque temos áreas que continuarão a ser procuradas. No entanto, é necessário traçar estratégias porque o país não pode deixar de ter formação em áreas tão importantes para o desenvolvimento económico e social.