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A soberania de um povo

Crónica Política

A semana foi fértil em acontecimentos que demonstram a promiscuidade entre os interesses privados e os detentores do poder, a demissão do ministro Macedo é a ponta do iceberg, o fulcro necessário, mudar toda a legislação que permita o concurso público em todos os patamares de decisão na Administração Pública.

Ao ler o editorial da última edição de O INTERIOR interrogo-me sobre a efetiva liberdade dos Povos, não apenas do povo catalão a ter direito à sua autodeterminação. Descansem que UE capitalista encarregar-se-á, como no passado, em relação à Jugoslávia, de ter dois pesos e duas medidas. A situação internacional é marcada pela instabilidade, insegurança e pela acumulação de perigos. A ofensiva do imperialismo torna-se cada vez mais violenta e acompanhada por campanhas de desestabilização, desinformação e mentira. Efetivamente é altura de Portugal assumir um posicionamento independente e soberano, que se demarque da lógica de confronto e manipulação das grandes potências e da NATO. Infelizmente a realidade da política externa portuguesa evoluiu no sentido contrário. Quero enaltecer a decisão da Suécia de reconhecer o Estado da Palestina e numa altura em que Israel desenvolve novas provocações voltando a encerrar a Faixa de Gaza, o MNE português escolheu o tom da hipocrisia para negar esse direito ao povo palestiniano.

Não é inocente o regresso ao léxico da chamada “guerra fria”, a matriz imperialista tem bem delineado o caminho, pena que não haja alternativa, não será certamente o sr. Putin e a sua visão oligárquica, pois a alternativa na própria Rússia passa pelo PCFR e não pelo atual inquilino do Kremlin.

Há um caminho que deverá preocupar-nos, refiro-me ao processo do Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento (TTIP), nomeadamente com a criação dos Tribunais Arbitrais, ou seja, os «paraísos legais» que funcionarão como autênticos rolos compressores das soberanias nacionais e dos direitos dos trabalhadores. O servilismo do Governo português espelha-se também no escândalo do envolvimento de Juncker em esquemas de roubo fiscal de milhares de milhões de euros. A cereja em cima do bolo, Cavaco condecora Durão por “serviços a Portugal e à União Europeia”, a maior provação e provocação ao seu Povo, que tem sido alvo das políticas de empobrecimento conduzidas por estes senhores.

Não espanta porque o que os une a todos é uma mesma visão de classe, a favor dos poderosos e contra os trabalhadores e os povos. E é por isso que mentem, cometem aparentes irresponsabilidades, traem o interesse nacional e no fim… Condecoram-se uns aos outros. Falta o nosso Povo dar-lhe um visto “Gold”.

Por: Honorato Robalo, deputado municipal da CDU e dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP

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