Bebeu-se um chá, acompanhado por uns deliciosos biscoitos e ainda se deram dois passos de dança ao som de música tradicional. Reviveram-se os “bailaricos” de outras gerações, ao som das marchas, tangos, valsas, fados e outras melodias. Quem não se recorda dos bailes no Sande e Castro ou no Grémio Egitaniense?
Foi assim, na passada sexta-feira, no café-concerto do Teatro Municipal da Guarda (TMG). A primeira sessão do Chá Dançante estava marcada para as 16 horas e devia terminar uma hora depois, mas os participantes estavam tão entusiasmados que o convívio se prolongou por muito mais tempo. O único requisito exigido era ser maior de 50 anos. «Os mais novos nem têm tanta pedalada como nós», garantiu uma senhora, bem vestida e rosada de tanto dançar, enquanto desafiava a amiga para mais uma “modinha”. 40 pessoas era o limite de participantes estipulado por causa do espaço físico, mas «afinal, acabaram por vir 51», constata, surpreendido, Victor Afonso, responsável pelo serviço educativo do TMG. «É um óptimo sinal, pois significa que houve grande receptividade das pessoas e haverá ainda mais nas duas próximas edições», prevê. A nova iniciativa pretende ir ao encontro dos interesses do público dito sénior ou idoso, «proporcionando momentos de descontracção, alegria, convivialidade, simultaneamente», acrescenta. Tudo isso enquanto saboreiam uns biscoitos e bebem chá. «Não é uma ideia inovadora, mas é uma ideia nova para a Guarda», refere o responsável. A maioria de quem esteve na estreia do Chá Dançante veio de instituições de solidariedade social, de Centros de Dia do concelho ou da Academia Sénior, mas outros optaram por virem com amigos.
Para já está previsto que isto aconteça uma vez por mês, mas o formato do próximo semestre «ainda não foi pensado», revela Victor Afonso, adiantando que tudo vai depender das próximas sessões. «Para nós, é tão importante fazer um espectáculo e ter o auditório cheio como promover uma iniciativa deste género», sublinha. Quem não perdeu tempo foi Florência Nascimento, de 66 anos. Mal o chá foi servido e já estava a dançar com uma amiga. Rodopiava com uma agilidade e alegria invejável, que contagiou todas as pessoas à sua volta. No início, os participantes estavam um pouco acanhados, mas depois soltaram-se e todos dançaram ao som do acordeão de Helena Rodrigues. «Adorei. Foi óptimo! Acho que devia haver mais iniciativas como esta, porque os idosos arrumam-se no seu cantinho, mas quando ouvem uma cantiga, eles pulam da cadeira», exclama Florência Nascimento, que não parou de dançar durante a sessão. Já, Estela Reis, 56 anos, que veio acompanhada pelo marido e uns amigos, lamenta que o Chá Dançante só aconteça uma vez por mês. «É que, sempre que posso, faço o “gostinho ao pé”», explica. Também o marido comunga da mesma opinião: «Devia ser uma vez por semana, para se tirar a ferrugem a toda esta gente», ironiza. No entanto, na Guarda há poucas iniciativas do género. «Se quiser dançar, tenho que ir à discoteca e já não sou muito novo para essas andanças», acrescenta Joaquim Reis, de 58 anos. O próximo encontro está marcado para 17 de Maio, com Móises Martins (órgão).
Patrícia Correia